8 de outubro de 2024

Afirma Junaide Lalgy Presidente da Black Bulls: SITUAÇÃO DO NOSSO DESPORTO É UMA LÁSTIMA

O Presidente da Associação Desportiva Black Bulls está de costas voltadas com os dirigentes desportivos e governo que quase nada fazem para incentivar empresários a apoiarem o desporto em todas as vertentes. Junaide Lalgy, remata que o governo embora tenha a “faca e o queijo na mão”, nada faz para o eenvolvimento do desporto nacional, situação que condena os aspirantes a profissionais principalmente do “desporto rei” a sucumbirem e vivam sem prestígio no fim de suas carreiras.

Para aquele dirigente e apoiante do futebol, Moçambique não tem nenhum programa desportivo que contribua para a profissionalização dos jovens que aspiram jogar além-fronteiras, condenando-os à miséria.

A SITUAÇÃO DO NOSSO DESPORTO É UMA LÁSTIMA, nós não evoluímos nada. De lá até cá, pelo contrário regredimos, eu posso dizer que a qualidade dos jogadores que tínhamos no passado pós independência… as equipas históricas, o Desportivo, Costa do Sol, Ferroviário da Beira e por aí em diante eram espelho e escolas de talentos, mas ficaram no passado”.

Afirma Junaide Lalgy Presidente da Black Bulls: SITUAÇÃO DO NOSSO DESPORTO É UMA LÁSTIMA

Junaide Lalgy, aponta a fraca participação do governo como a principal causa do fracasso do desporto nacional em todas as vertentes muito mais para o futebol nas equipas seniores. Este, ressalta que as equipas de formação do Clube que dirige são um forte para a selecção da equipa principal aliás, por existir essa obrigatoriedade de se ter que levar jogadores oriundos de todas as províncias sem se olhar para o talento e compostura, não se pode por exemplo, diz ele “levar oito rapazes no Black Bulls e sim em todos os clubes, mesmo que não seja treinado aquele jogador, porque deve se cumprir esta norma de nacional. Treinou ou não treinou, está inserido num campeonato local ou não, tem que estar lá na selecção nacional”, espurgou Lalgy.

SITUAÇÃO DO NOSSO DESPORTO É UMA LÁSTIMA
Junaide Lalgy, Presidente da Associação Desportiva Black Bulls

O dirigente afirma de viva voz que o país não tem nenhuma programação de médio e a longo prazo para os eventos desportivos o que faz com que cada época desportiva seja uma surpresa pois, há que considerar falta de seriedade na arbitragem do número de clubes que devem constar no campeonato nacional, “hoje são 16, amanhã são 14 e agora temos que ir à prova com 12 equipas e aí a gente não sabe para onde é que isso vai. É campeonato de um país inteiro esse… é óbvio que se alega questões financeiras o que não podemos negar, mas o que intriga é porque não se estuda formas de como ir se buscar dinheiro”.

Acima de tudo, nosso interlocutor condena a diminuição do número de equipas a militarem no Moçambola sob pretextos orçamentais dizendo que falta vontade governamental e o ranking do desporto moçambicano é reflexo dos dirigentes que o país tem.

As multinacionais segundo Junaide Lalgy, nos seus países de origem apoiam o desporto, e até compram competições, mas em Moçambique não o fazem porque não receberam uma voz de comando indicando para tal efeito. “Os nossos dirigentes estão distraídos ou nem estão preocupados com o desporto”.

O governo moçambicano segundo o empresário desportivo deve encorajar as multinacionais e outras empresas a financiar e patrocinar o desporto nacional usando a técnica de isenção de direitos por alguns anos e ordenando que estas, em virtude disso coloquem seu apoio ao desporto. “Se eu entro no desporto é porque gosto, não porque as leis permitem que empresários participem motivados tendo pressuposto como o exemplo que dei de isentar os impostos, direitos ou outras taxas que o governo as conhece muito bem, mas isto é desporto, tem que ser algo que eu dou e vou buscar, dou e vou buscar”.Black Bulls

Junaide Lalgy revelou que mesmo sendo um dos que mais apoia o desporto rei com todo prazer em Moçambique, quando faz a importação do material para equipar o clube e associação Black Bulls, não tem isenção de direitos e mesmo assim o campo da equipa principal empresta a selecção quando tem jogos oficiais sem cobrar nem um tostão, “à semelhança do que vai acontecer daqui há 6 meses quando terminarmos a construção do campo principal, iremos emprestar a selecção sénior masculina para a realização de seus jogos pois não se sabe quando é que o Estádio Nacional do Zimpeto vai ser aprovado na situação em que se encontra, pela FIFA”, explodiu.

Outra questão colocada pelo nosso entrevistado tem que ver com a data de término do campeonato e de início do outro, frisando que por exemplo o Moçambola terminou em 30 de Outubro  e daí contam-se os meses de Novembro até Maio, totalizando sete meses com os clubes e jogadores parados, acrescentando que não existe um plano contínuo desportivo que demonstre vontade para que a modalidade de futebol avance no país, pois não se pode fazer bons jogadores numa época que dura apenas 4 meses.

“O Equipamento que importei para ali, não tive isenção de nada”.
“O Equipamento que importei para ali, não tive isenção de nada”.

Junaide é de opinião que se faça um plano quinquenal para se renovar os clubes e as camadas de formação, de modo a fortalecer as equipas e quiçá moçambicanos possam militar em clubes europeus e demais continentes pela qualidade e sustentabilidade. O plano, explicado por Junaide Lalgy, incorpora a parte da busca de parcerias nas multinacionais e outras empresas e tudo isso com o apoio total do Governo que pode por exemplo isentar o pagamento dos impostos de algumas empresas sob condição destas apoiarem o “desporto rei”.

A selecção feminina de futebol e a selecção sub-20, jogam no campo do clube Black Bulls sem pagar nenhum tostão, o que para o Presidente da Associação Desportiva Black Bulls, devia ser incentivo para o governo apoiá-lo.  “O Equipamento que importei para ali, não tive isenção de nada”.

O nosso interlocutor quando questionado sobre a possibilidade de alguns jogadores moçambicanos e principalmente da Black Bulls militarem na Europa e noutros continentes, Junaide Lalgy, diz que o nível do desporto moçambicano não permite que um jogador saia daqui por um pagamento. “Todo jogador que sai de Moçambique não é pago, é por empréstimo e isso vai levar tempo para mudar. Queremos que saiam muitos Zainadine, Mexer e mais para lançarem o nosso nome como Moçambique, enquanto isso não acontecer, nada poderá mudar. Hão-de sair daqui por empréstimo. Nunca há-de sair um jogador que haja uma compensação. Por isso temos estado a movimentar miúdos. Infelizmente ainda não chegou aquele momento dos miúdos receberem contratos grandes que possam gerar alguma receita”, disse Lalgy.

Aquele empresário desportivo acredita que para jogadores moçambicanos chegarem ao nível de militarem nos clubes europeus há uma necessidade de investir mais na qualidade principalmente na formação desde a tenra idade e o país tem que ter um ranking apreciável no mundo do futebol para lançar seus jogadores além-fronteiras.

Fazendo balanço da época passada e a estreia do clube que dirige no Moçambola, reafirmou que foi uma entrada muito atabalhoado devido a situação da covid-19, porcausa de muitas paragens, pré épocas bastante longas e desgastantes, o que segundo ele influenciou negativamente no consciente dos atletas, bem como de todo o staff, “sobretudo naquele momento de indefinição se a prova arrancava ou não, onde se aventou a hipótese de se anular o campeonato”.

Para mim o ano 2021 foi atípico principalmente para as camadas de formação pois ensaiaram o início, foram mobilizados jovens , entretanto, a situação do covid voltou a agravar-se e foi tudo cancelado e foi uma série de ocorrências que não ajudaram o atleta e a equipe em si”.

Junaide Lalgy, apontou que na equipa principal do Black Bulls houve excesso do número de treinos previstos, numa época bastante prolongada devido a diversas interrupções, o que reflectiu de certa forma a meio do campeonato, tendo sua equipa se ressentido desses efeitos.

O dirigente avança que a equipa começou bem o campeonato com atletas e a equipa técnica bastante motivados e determinados, e, internamente segundo Lalgy, todos os membros do Black Bulls, unanimemente afirmaram querer entrar para a prova e levar a taça, “achei um pouco exagerado uma vez que era o nosso primeiro ano no Moçambola, um plantel sobretudo constituído por jovens, colocavam a fasquia bastante alta, mas prontos, encorajei-os e prometi-lhes apoiar em tudo”.

Junaide diz que o que realmente motivou a equipa foi ter iniciado o campeonato vencendo fora de casa tendo na sequência mais cinco jornadas até a primeira paragem devido ao estado de Calamidade Pública anunciado pelo Governo face à pandemia do coronavírus, aliás, uma pausa que durou mais ou menos dois meses.

A retoma à prova foi com muitas incertezas para o Black Bulls, embora tenha pausado com vitórias, pois não se sabia qual era o estado de espírito da equipa, duvidando se poderiam os jogadores manter o ritmo antes da pausa ou se regrediam. A vitória sobre a União Desportiva do Songo, foi uma das mais motivadoras fases que reafirmou o objectivo traçado antes, levar o “canecão” do Moçambola 2021.

Para o Presidente da Associação Black Bulls, a partir da jornada 7 do Moçambola 2021, os adversários, andavam adormecidos, o que colocou a equipa em vantagem, conquistando vitórias após vitórias.

Lalgy conta que o que marcou muito o ano do Black Bulls como clube foi a estratégia do técnico que optou sempre  por não mudar o modelo de jogo independentemente do adversário, jogando fora ou em casa, o que segundo o dirigente criou confiança nos jogadores para com o corpo técnico da equipa. “Em resumo, foi um ano extraordinário, equipa nova, num ano novo, num campeonato desnivelado em termos orçamentais, com clubes que tem planteis bastante recheados e nós entramos no anonimato, valeu-nos o comportamento de grupo”, terminou Lalgy.

Ainda na mesma senda o Presidente e Financiador da Associação Desportiva Black Bulls, revelou que a participação pela primeira vez da sua selecção no campeonato Africano de Clubes, representa um desafio interno e um ganho pois, “o que mais vale é formar bem ainda na tenra idade para que haja evolução dentro e fora e segundo Lalgy existem miúdos que estão a evoluir fora mas muitos são os que fazem parte da equipa principal que nos deram este resultado”.

O desportiva indaga a participação da sua equipa sobre os objectivos para a Liga dos Campeões Africanos se vão passear a classe ou jogar por um objectivo e assemelha à entrada ao Moçambola frisando que é necessário objectivo claro e que acima de tudo preparar os jogadores que a equipa tem e se olhar para aqueles que não tem espaço nem para ir à EUROPA mas que poderão ter mercado no continente africano.

Na entrevista ao jornal Visão Moçambique, Junaide Lalgy, fala do apoio que outras selecções ao redor de Moçambique recebem de seus governos, apontando que se conseguirem fazer uma boa campanha na fase de grupos, os jogadores do Black Bulls estarão na montra, o que possibilitará a venda de jogadores no mercado africano e/ou nacional, o que poderá equilibrar o orçamento interno da Associação.

“A intenção é preparar-mo-nos condignamente para irmos à liga dos campeões e não fazer turismo”.

Com o fecho da época desportiva nacional, vários clubes estão reféns de treinos até que se anuncie a retoma do maior campeonato futebolístico, o Moçambola. Por via, o Presidente da Associação Desportiva Black Bulls, Junaide Lalgy, manifestou um sentimento de pesar e repúdio a forma como é tratado o assunto de desporto em Moçambique.

Aquele dirigente desportivo apontou que o país apesar dos esforços que empreende para o desenvolvimento do Desporto, peca a parte em que o governo não apoia afincadamente e em todas as vertentes. 

Liea mais: Edição 149 de 24 de Dezembro


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By Agostinho Muchave

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