DEMOLIÇÃO DE CONSTRUÇÕES ILEGAIS NO BAIRRO CHINGODZI GERA CONFRONTOS ENTRE MORADORES E POLÍCIA

O ambiente no bairro Chingodzi, na cidade de Tete, tornou-se tenso nos últimos dias, após a demolição de construções consideradas ilegais por parte do Conselho Municipal de Tete. A operação, que visava remover casas e estabelecimentos comerciais erguidos em áreas proibidas, acabou por transformar-se num cenário de confronto entre moradores e as forças da ordem.

De acordo com a edilidade, as demolições fazem parte de uma campanha mais ampla que abrange também os bairros Matundo e M’Padue, com o objectivo de repor a legalidade no uso do solo urbano. No caso específico do Chingodzi, vários empreendimentos comerciais foram demolidos por estarem alegadamente localizados dentro da faixa de protecção da Administração Nacional de Estradas (ANE) e sobre uma conduta de água pertencente à empresa Águas da Região Centro (ADRC).

As autoridades municipais sustentam que a ocupação dessas áreas representa um risco de segurança pública, tanto para os moradores como para as infra-estruturas ali instaladas. No entanto, muitos residentes afirmam que nunca foram devidamente notificados e acusam o município de actuar com brutalidade.

Durante a acção, o ambiente tornou-se hostil. Moradores e proprietários tentaram impedir o avanço das máquinas, atirando pedras contra os agentes da Polícia Municipal e da PRM, que responderam com disparos de balas reais e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. O confronto resultou em vários feridos e detenções, deixando um clima de grande agitação e medo no bairro.

O chefe da unidade Nhakhumbe, em declarações à TV Miramar, condenou a postura da edilidade, garantindo que “nenhuma das bancas estava sobre a conduta de água ou dentro da faixa de protecção”. Segundo ele, a acção foi mal planeada e ignorou o impacto social sobre as famílias que dependiam do pequeno comércio para sobreviver.

As demolições deixaram dezenas de famílias sem fonte de rendimento, uma vez que muitas bancas e lojas eram o único sustento de agregados familiares locais. Alguns moradores consideram que a autarquia deveria ter oferecido alternativas de reassentamento ou compensação antes de avançar com as demolições.

Enquanto o Conselho Municipal reafirma a legalidade da operação e promete continuar com o processo nos restantes bairros, a tensão permanece alta em Chingodzi, onde os escombros se misturam com a revolta de uma população que se sente abandonada e injustiçada.

A PRM mantém presença reforçada na zona para evitar novos tumultos, enquanto organizações da sociedade civil pedem uma investigação independente sobre a actuação das autoridades e eventuais abusos de poder cometidos durante a operação.

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