- Após duas sessões amnésicas moçambicanos esperançosos de ouvir os que tem memória de elefante
- Esposa de Namburete também participou no esquema
Retoma esta segunda-feira a sessão de audições dos réus implicados no escândalo financeiro que caloteou o país em 2,7 milhões de dólares(2,2 mil milhões de Euros) de acordo com a última actualização do Banco de Moçambique.
Para esta segunda-feira(06.09) é esperado no tribunal montado localmente no Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança vulgo B.O réu Sérgio Namburete. Namburete entregou seu destino a Hélder da Cruz para defendê-lo.
Márcia Namburete é esposa de Sérgio Namburete, arguido de quem ela recebeu 50 mil euros das dívidas ocultas. No despacho de acusação, Sérgio Namburete é descrito como proprietário da SEN-Consultoria e Investimentos, uma das empresas de fachada criadas para facilitar a distribuição do dinheiro das dívidas ocultas.
A SEN-Consultoria e Investimentos terá recebido do Grupo Privinvest 877 mil euros para pagamento da arguida Inês Moiane, à época secretária executiva do Presidente da República, Armando Guebuza. Como recompensa, Sérgio Namburete terá ficado com 127.500 euros.
Esta é a terceira semana em que decorre o Julgamento das “Dívidas Ocultas”, onde 21 advogados tentam a todo custo provar em sede do tribunal, a inocência de 19 arguidos no caso que originou o maior e mais histórico escândalo financeiro de Moçambique pós independência.
Um dos mais insólitos e visto pelo povo como abuso em sede do tribunal é o posicionamento de Ndambi Guebuza e do seu amigo de infância que mesmo gozando da presunção de ter passado de boas escolas de África mostraram arrogância em pleno tribunal, o que de um lado retira a meritocracia dos seus Advogados. Ndambi Guebuza é defendido neste caso pelos advogados Alexandre Chivale(Mestre em Direito) e Isálcio Mahanjane doutorando em Direito.
Sozinho, Alexandre Chivale defende também o ex-oficial dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), António Carlos do Rosário.
Alexandre Chivale e Isálcio Mahanjane defendem também Inês Moiane, secretária particular do ex-Presidente Armando Guebuza na Ponta Vermelha, e o seu irmão, Elias Moiane.
As dívidas ocultas estão relacionadas com empréstimos no valor de 2,2 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros), contraídos entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado por Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.
O Ministério Público moçambicano acusa os arguidos do processo principal, ainda sem julgamento marcado, de associação criminosa, chantagem, corrupção passiva, peculato, abuso de cargo ou função, violação de regras de gestão e falsificação de documentos.
Além do processo principal, a justiça moçambicana abriu processos autónomos em que várias outras pessoas são suspeitas de participação no esquema, incluindo o antigo ministro das Finanças Manuel Chang, antigos administradores do Banco de Moçambique, e antigos executivos do Credit Suisse, instituição bancária que viabilizou os empréstimos.
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