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Eleições em Moçambique 2024: O que está a acontecer de novo?

As eleições gerais de 2024 em Moçambique continuam a gerar grandes expectativas, especialmente durante a fase de contagem preliminar dos votos. Com cerca de 17,1 milhões de eleitores inscritos, a população votou para eleger o próximo Presidente da República, além de renovar os assentos do parlamento e escolher governadores provinciais. Estas eleições são vistas como um momento crítico na história política do país, ocorrendo num contexto de desafios económicos e sociais, incluindo a insurgência no Norte e uma economia debilitada pela paralisação de projectos de exploração de gás natural.
Até agora, a contagem parcial de votos tem sido marcada por tensões, com resultados preliminares não oficiais já circulando nas redes sociais, causando um clima de incerteza e autoproclamações de vitória por diferentes partidos. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem até 15 dias para divulgar os resultados finais, mas cada partido tenta destacar suas vantagens nas regiões mais estratégicas. Observadores independentes alertam para a importância de respeitar o processo oficial da CNE, pois são esses resultados que determinarão o futuro político imediato de Moçambique.
As duas principais figuras em disputa são o candidato da Frelimo, partido que governa Moçambique desde a independência, e Venâncio Mondlane, candidato do partido PODEMOS, apoiado por uma coligação de forças da oposição. A Renamo, tradicionalmente o principal partido de oposição, também está fortemente representada, especialmente nas províncias centrais e Norte do país. Contudo, a Frelimo mantém uma presença dominante em muitas regiões, apesar das denúncias de fraude que têm assombrado o processo eleitoral, como já visto nas eleições autárquicas de 2023.
A elevada abstenção e a possibilidade de violência pós-eleitoral também são pontos de preocupação. Durante as eleições autárquicas de 2023, houve alegações de irregularidades e fraudes em vários municípios, levando a várias anulações e contestações judiciais, o que se reflectiu em desconfiança em relação ao processo actual. A Renamo, por exemplo, já havia ganho disputas importantes na Área Metropolitana de Maputo em eleições anteriores, e os olhos continuam voltados para possíveis mudanças nessas regiões.
Ainda que o ambiente eleitoral esteja cercado de controvérsias, as autoridades moçambicanas garantem que a segurança está assegurada, especialmente nas áreas mais afectadas por ataques insurgentes, como Cabo Delgado. As Forças de Defesa e Segurança têm sido mobilizadas para garantir que a votação e o transporte de materiais eleitorais ocorram sem incidentes.
Com a contagem preliminar ainda em andamento, espera-se que os próximos dias tragam maior clareza sobre os resultados definitivos. Entretanto, a expectativa é de que as tensões aumentem, dado o histórico de disputas acirradas e acusações de fraude que têm marcado as últimas eleições em Moçambique.