A Focus Fístula Moçambique, em colaboração com a EngenderHealth, Ministério da Saúde e apoio da USAID, desencadeou uma iniciativa crucial para combater a fístula obstétrica nas províncias de Nampula e Niassa. De 15 a 18 de Fevereiro, enfermeiras do Serviço Materno Infantil (SMI) participaram de uma formação intensiva para aprimorar seus conhecimentos sobre prevenção, diagnóstico e cuidados da fístula obstétrica.
O foco da formação era equipar as enfermeiras com habilidades essenciais para lidar com a fístula obstétrica, desde a prevenção até os cuidados pré e pós-operatórios.
A médica ginecologista Emília Sueia, uma das formadoras, ressaltou a importância de centralizar a atenção na fístula obstétrica, classificando-a como um problema de saúde pública que exige intervenção em todos os níveis.
A enfermeira Natalia Leonel, do Centro de Saúde de Marrupa em Niassa, expressou a necessidade de mudanças nos locais de trabalho, especialmente na componente preventiva durante o pré-natal e nas salas de parto. Ela acredita que a formação proporcionará uma abordagem renovada para reduzir significativamente a incidência da fístula.
A formação beneficiou enfermeiras de vários distritos, incluindo Nampula, Moma, Erati, Nacala, Monapo, Lichinga, Mandimba, Cuamba, Lago e Marrupa. Natalia Leonel apontou desafios como a chegada tardia das mulheres às unidades sanitárias e partos realizados fora dessas unidades como obstáculos significativos na luta contra a fístula.
Margareth Josseph, enfermeira do SMI em Moma, ressaltou a importância da formação para mapear casos, identificar causas e implementar estratégias focadas na prevenção. Apesar dos progressos, ainda persistem práticas de risco em algumas comunidades.
Em Moçambique, mais de 2.500 novos casos de fístula obstétrica são registados anualmente. Apesar dos esforços, a qualidade dos cuidados pré-natais continua a ser um obstáculo, impedindo o progresso nos cuidados obstétricos de emergência. A falta de recursos humanos especializados em hospitais provinciais e distritais também é uma barreira para realizar cirurgias e fornecer cuidados adequados.
Essa iniciativa destaca a grande importância das enfermeiras na prevenção e tratamento da fístula obstétrica, lançando uma luz intensa sobre uma questão muitas vezes esquecida nos corredores das unidades sanitárias.
O conhecimento adquirido por essas profissionais promete trazer mudanças positivas, impactando directamente a vida das mulheres nessas comunidades.
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