A multinacional italiana ENI, operadora do projecto Coral Sul FLNG na Bacia do Rovuma, está a negociar com o governo moçambicano os termos para o desenvolvimento do Coral Norte, um dos maiores projectos de gás natural no país. Com um investimento de 7 mil milhões de dólares, o projecto promete consolidar Moçambique como um actor estratégico no mercado global de energia, mas os termos do contrato estão a levantar questões sobre os benefícios reais para o país.
Entre os pontos mais críticos das negociações está a exclusão de cláusulas essenciais, como o pagamento de impostos em espécie e a obrigatoriedade de conteúdo local. Estas condições, que garantiriam maior envolvimento das empresas e mão-de-obra moçambicanas, são fundamentais para promover uma economia mais autossustentável e inclusiva. Sem essas garantias, especialistas alertam que Moçambique poderá perder acima de 92 milhões de dólares anualmente, comprometendo o impacto socioeconómico do projecto a longo prazo.
A ENI destaca o seu compromisso em acelerar a transição energética de Moçambique, mas o contexto das negociações sugere um desequilíbrio de interesses. A pressão para finalizar acordos rapidamente, especialmente no final do mandato do Presidente Filipe Nyusi, tem gerado críticas de sectores que temem decisões apressadas e prejudiciais ao futuro do país.
Ao mesmo tempo, iniciativas do governo, como a promoção do Mercado Único de Transporte de Gás Natural e parcerias com empresas globais, têm sido apresentadas como parte de uma estratégia mais ampla para integrar os recursos energéticos de Moçambique na economia global, garantindo maior valor agregado para a população local. Contudo, a transparência e os mecanismos de monitoramento desses contratos permanecem um desafio central para equilibrar os interesses nacionais e os objectivos corporativos.
O desenlace destas negociações será decisivo para definir se Moçambique conseguirá traduzir os seus vastos recursos naturais em desenvolvimento sustentável ou se continuará vulnerável às dinâmicas de poder das grandes multinacionais.
Fontes: Forbes África Lusófona, AIM News, Zitamar News.
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