O FNB, em parceria com o RMB, braço corporativo do Grupo Firstrand, do qual o FNB também faz parte, promoveu, no dia 30 de Outubro, um Business Breakfast, no Hotel Indy Village, em Maputo, onde foram abordados vários temas, com destaque para o panorama económico local e global, ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) e Financiamento Sustentável, num evento onde estiveram presentes cerca de cem participantes, entre Clientes, Parceiros e Colaboradores do FNB.
Daniel Kavishe, economista do Rand Merchant Bank (RMB), centrou-se nas perspectivas económicas globais e nos riscos que afectam actualmente os países em desenvolvimento, com especial destaque para África. Daniel também destacou a crescente tensão geopolítica e os seus efeitos na economia global, referindo-se ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que tem estado no centro das discussões económicas, e ao conflito entre Israel e o Hamas.
“Os custos de financiamento elevados persistem e, embora a inflação tenha vindo a diminuir, assistimos a uma nova subida dos preços do petróleo, que reduziu o ritmo da desinflação”, sublinhou Daniel Kavishe.
Outro dos cenários referidos pelo economista tinha que ver com a trajectória da Zona de Comércio Continental Africana: “Há muito entusiasmo, o que é positivo, dada a necessidade que vários países têm de beneficiarem de tarifas mais baixas e capitalizarem o comércio intra-africano”.
Alfredo Mondlane, responsável de Economia e Pesquisa de Mercado do FNB explicou: em Março deste ano, o FNB apresentou as Perspectivas Económicas para Moçambique, que referiam que a economia moçambicana permaneceria resiliente e que cresceria na ordem dos 5%. “De facto, ao longo do primeiro semestre de 2023, a economia demonstrou força, com um crescimento na ordem dos 4,6%, muito em linha com o inicialmente previsto. Este ano, o LNG será o motor de, pelo menos, 90%, do crescimento do sector extractivo, o que se deve, em grande parte, ao FLNG, cuja produção não aconteceu em Outubro do ano passado”.
“A agricultura conheceu um crescimento mais lento. De realçar que este sector conheceu um incremento acentuado, na ordem dos 5% no ano passado e, este ano, devido ao ciclone Freddy, registou-se uma redução considerável, rondando os 3,4%. Previmos que a agricultura provavelmente cresceria 4%, mas 3,5% não é necessariamente mau, estando bastante alinhado com o crescimento histórico”, concluiu.
Quanto ao sector financeiro, Alfredo Mondlane declarou ser “o sector que nos afecta a todos. No primeiro trimestre, cresceu cerca de 7%. Contudo, após o aumento das taxas de reservas obrigatórias de 10% para cerca de 39%, o sector enfrenta um desafio de liquidez. E isso traduziu-se num custo adicional de financiamento da economia. Assim, o sector abrandou o seu crescimento no segundo trimestre. No entanto, mesmo com este abrandamento, é de prever que o sector financeiro se mantenha resistente e continue a crescer”.
O economista completou: “Espera-se que a inflação aumente, mas, ainda assim, que se mantenha abaixo dos dois dígitos, e a expectativa, até ao final do ano, é que fique abaixo dos 7%”.
Passando para o outro tema central deste encontro, Cara Lishman, representante da equipa ESG e Financiamento Sustentável do RMB, centrou-se na relevância da sustentabilidade e explicou: “É um fenómeno que se deve predominantemente a três factores: pressão regulamentar, onde se assiste a uma maior regulamentação das normas de informação e dos requisitos de divulgação, permitindo a transparência e a comparabilidade dos dados de sustentabilidade para os intervenientes.
A segunda força motriz centra-se na pressão dos consumidores. Mais do que nunca, os consumidores questionam onde e como usam o seu dinheiro, com uma nova perspectiva sobre a sustentabilidade. Estas decisões determinam a forma como as empresas reflectem sobre os seus produtos e serviços para responder a esta necessidade crescente.
Por último, os investidores são igualmente sensíveis a esta questão e dão resposta a crescentes considerações ESG nas opções de investimento, tanto por parte dos gestores de fundos, como dos particulares”.
Cara Lishman falou também sobre os dois novos instrumentos que serão implementados em breve: as IFRS (International Financial Reporting Standards) para a divulgação de informações ambientais nas empresas e o TNFD (The Taskforce on Nature-related Financial Disclosures), que se encontra, actualmente, em fase-piloto e inclui a divulgação de informações sobre o ambiente. Estes mecanismos sublinham a forma como as actividades empresariais influenciam o ambiente e, consequentemente, tomam decisões responsáveis destinadas a melhorar a situação ambiental.”
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