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Frelimo e Chapo lideram contagem de votos

O Partido Frelimo e o Presidente da República, Daniel Chapo, estão à frente na contagem dos votos das eleições gerais realizadas na passada quarta-feira, de acordo com os dados preliminares divulgados. A Frelimo mantém uma vantagem considerável na maioria dos círculos eleitorais, enquanto a Renamo e o seu candidato presidencial, Ossufo Momade, parecem estar a sofrer uma pesada derrota.
Em Nampula, o maior círculo eleitoral do país, os resultados parciais afixados nas várias mesas de voto mostram uma clara vantagem para Daniel Chapo e o seu partido, a Frelimo. Nos distritos da província, a tendência mantém-se favorável ao partido no poder, com a capital provincial, Nampula, a assistir a uma ligeira superioridade de Daniel Chapo sobre Venâncio Mondlane, candidato da coligação.
Ossufo Momade, da Renamo, e Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), aparecem bastante atrás na contagem, com números modestos que dificilmente os colocam em posição competitiva. Na província de Cabo Delgado, os resultados preliminares reforçam também a liderança da Frelimo e de Daniel Chapo. Na Escola Secundária de Pemba, por exemplo, numa mesa com 800 eleitores inscritos, votaram 420, dos quais 230 optaram por Venâncio Mondlane, enquanto 173 escolheram Daniel Chapo. Os candidatos Lutero Simango e Ossufo Momade arrecadaram apenas três e seis votos, respectivamente.
No âmbito das eleições legislativas, os dados da mesma mesa indicam que o partido PODEMOS obteve 194 votos, a Frelimo 175, o MDM nove, e a Renamo apenas oito votos. Os restantes partidos praticamente não conseguiram ultrapassar a marca dos cinco votos.
Noutra mesa de Pemba, com 800 eleitores inscritos, votaram apenas 321, sendo que Venâncio Mondlane obteve 187 votos e Daniel Chapo ficou com 118. Na Escola Primária Completa de Natite, a situação é semelhante. Na mesa 100908-01, dos 800 eleitores inscritos, apenas 280 participaram no processo, dos quais 147 votaram em Mondlane e 116 em Chapo. Nas legislativas, a Frelimo arrecadou 116 votos, enquanto o PODEMOS obteve 110.
Numa outra mesa, 100405-02, dos 800 eleitores inscritos, votaram 351. Daniel Chapo angariou 201 votos, ao passo que Venâncio Mondlane conquistou 123.
Em Manica, concretamente na cidade de Chimoio, os resultados preliminares relativos à Assembleia da República indicam que, em 31 mesas processadas, a Frelimo amealhou 3.861 votos, enquanto o PODEMOS conseguiu 3.416, a Renamo 666, e o MDM 409. Já para a Assembleia Provincial, a Frelimo liderava a contagem com 6.587 votos, a Renamo seguia com 2.059, e o MDM acumulava 2.369 votos.
É importante sublinhar que os primeiros resultados indicam um elevado nível de abstenção eleitoral, particularmente nas províncias da Zambézia, Nampula e Inhambane, onde a afluência às urnas foi inferior a 25% e 30%, respectivamente. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem até 15 dias para anunciar os resultados finais, os quais deverão ser validados posteriormente pelo Conselho Constitucional.
A elevada abstenção, associada a alguns relatos de irregularidades, poderá influenciar o processo de validação dos resultados, num país onde as tensões políticas entre os principais partidos têm sido uma constante ao longo dos ciclos eleitorais. Além disso, o desafio da inclusão e da participação cidadã nas eleições continua a ser uma questão central em Moçambique, onde o descontentamento popular e a desconfiança em relação às instituições eleitorais contribuem para o afastamento de muitos eleitores.
Estes resultados preliminares, que confirmam a liderança da Frelimo, sobretudo nas zonas rurais e nas regiões do norte, sinalizam uma continuidade de poder que muitos analistas já antecipavam. Contudo, o desempenho surpreendente de Venâncio Mondlane em algumas mesas de voto demonstra que a oposição ainda possui uma base de apoio considerável, especialmente entre os eleitores mais jovens e nas áreas urbanas.
À medida que o processo de apuramento continua, será crucial observar o comportamento das forças opositoras, nomeadamente da Renamo, que já manifestou descontentamento com alguns aspectos do processo eleitoral. A postura dos partidos opositores e o modo como lidam com os resultados finais poderão determinar a estabilidade política no período pós-eleitoral.
Os olhos estão agora postos na CNE e no Conselho Constitucional, entidades que têm a responsabilidade de garantir que o processo decorra de forma transparente e justa, num momento em que Moçambique busca consolidar a sua democracia e fortalecer as suas instituições políticas.