dom. jan 12th, 2025

Gestor – Cuide da sua cidade, como você cuida da sua casa

Por: Uemerson Florêncio

Ao se aproximar de uma residência, normalmente primando pela segurança e a delimitação de área nota o teu cercado, ou seja, o muro com certa cor, revestimento e textura. Podemos acrescentar o número da casa, paisagismo, ponto de energia eléctrica e o registo de água, o portão para acesso de pessoas e em alguns casos, o portão da garagem. Tem muitas residenciais que se você pudesse levar horas contemplando, não é mesmo?

Pronto, mas nem sempre podemos dizer o mesmo quanto você está chegando na entrada de certas cidades, primeiro que você não faz ideia de onde está chegando. Se for durante o dia, você não consegue enxergar uma identificação digna, se for a noite, com uma iluminação precária e por vezes, buracos na via de acesso à estação rodoviária aí que a coisa fica terrivelmente depreciativa.

No entanto, redes sociais, existem dezenas de postagens de gestores municipais se utilizando de uma campanha rasa, achando eles que estão promovendo o marketing local, como se fosse a cidade dos sonhos. Creia, nas redes sociais é um presépio, na visita real é uma grande presepada!

Mas vamos lá, o que se espera de um hall de entrada? O seu digno e merecer acolhimento, com um toque da identidade dos seus proprietários. Mas o que pode vir a ser o hall de entrada de uma cidade? Simples assim, a estação rodoviária. A qual por vezes sucateada, mantida pelos esforçados vendedores ambulantes e, em alguns casos, pelos taxistas que se juntam e pintam pelo menos um banheiro e a calçada onde eles fazem ponto parada, mas não é assim, em geral. E o que dizer daquelas estações que não tem nem mesmo a atenção destes profissionais? 

Assemelhando as belas entradas de residências que você contempla, não se pode tentar fazer o mesmo em certas entradas de cidade, até porque incluído, factores como a insegurança e precariedade quem chega já desce correndo do ónibus e sai correndo ou pega um transporte ali mesmo para não permanecer por nem mais um minuto. Qual será a fama de lugares com tais características?

Normalmente vemos rodoviárias sujas, mal apresentadas, lâmpadas quebradas, com o perímetro de segurança comprometido, pois não há segurança humana ou electrónica para inibir as ações que contrariem a ordem pública. O que na realidade está sendo realizado para garantir a qualidade de vida esperada pelos cidadãos?

E chega a vez da sala, onde nota-se belíssimos mobiliários, decoração de interiores com ênfase no emadeirado, vidros, plantas, pedras especiais, electrónicos, resumindo, decorações que impressionam. Mas, como não se pode esquecer, a televisão com tela finíssima e gigantesca para a satisfação dos seus egos. Porém, ao chegar nas praças públicas, onde a população em geral busca ter um momento de lazer, relaxamento, muito pelo contrário, carecem de todo e qualquer tipo de infraestrutura mínima.

Não há meios que possam repelir o tédio, trabalhar a sua forma, afinal, nem todos podem ir à academia. As crianças brincam entre a calçada e as poucas árvores que ainda restam no miolo da praça. Quais são os projectos caros gestores, uma vez que nem sempre o orçamento deve ser milionário, ou toda prefeitura deve realizar obras com oito dígitos?

Ao falar dos quartos, normalmente você busca reflectir o verdadeiro acolhimento dos seus residentes, logo, o acesso a eles é pensado tanto quanto o próprio espaço de repouso. Mas é neste momento que dou especial atenção quando nos reportamos a uma cidade. Como estão os acessos às residências dos seus munícipes? Como está calçamento? Como está a iluminação pública? Como está o acesso à água da população em geral?

O que falar a respeito da unidade de armazenamento, processamento e produção alimentar de uma residência, a cozinha? Normalmente os seus proprietários equipam com o que há de melhor, afinal, não só quer se alimentar muito bem como deseja ter o que garante comodidade em seus processos. Muito bem, quais é a região da cidade onde estão concentrados os principais restaurantes, bares, pizzarias, churrascarias, lanchonetes e padarias? Quais são as vocações culinárias da cidade? Qual é o prato típico da cidade? Há negócios instalados no território e o gestor da cidade não tem essas informações?

Porquê muitos gestores públicos não conseguem identificar por meio dos instrumentos que a prefeitura dispõe as vocações económicas da sua cidade? Porque muitos gestores não sabem ou não se interessam em saber, o que se produz na agricultura, agro-pecuária, no sector de serviços, no comércio ou mesmo, na indústria, caso, possua? Mas, não basta saber e não ter os meios que garantam o crescimento e o amadurecimento desses sectores económicos, ou ainda, não ter a visão, o interesse e o comprometimento. Como pode pensar e agir sem estar persuadido dos seus reais compromissos e valores fundamentais na gestão pública?

* Uemerson Florêncio — (brasileiro) Empreendedor. Treinador, palestrante e correspondente internacional de opinião para 5 países de língua portuguesa na África (São Tomé e Príncipe, Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e Angola), 4 países de língua espanhola (Argentina, Uruguai, Peru e Espanha) e Estados Unidos, onde expõe sobre a análise da linguagem corporal aplicada a diversas áreas. Criador do método pentágono da comunicação. Gestor de conteúdo do site da empresa Conceito Treinamentos no Brasil. Pesquisador em Cultura Árabe, tendo os Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio, como país de estudo.

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By Agostinho Muchave

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