Luís Nhachote defende integração de Venâncio Mondlane nas negociações com o Governo

Maputo, 21 de Fevereiro de 2025 – O jornalista investigativo Luís Nhachote afirmou que Venâncio Mondlane deve ser integrado nas negociações do governo moçambicano, considerando-o uma figura central na actual crise política e social do país. Em entrevista à Voz da América, Nhachote descreveu o momento como uma situação de “desobediência civil”, onde há uma crescente resistência popular às instituições formais do Estado.

Segundo Nhachote, o governo tem tentado dialogar com partidos da oposição para restaurar a normalidade, mas sem a inclusão de Mondlane, qualquer esforço corre o risco de ser ineficaz.

“Nenhum daqueles membros que vão às reuniões convocadas pelo governo tem a legitimidade popular que Venâncio Mondlane tem”, afirmou. O jornalista destacou que onde quer que Mondlane vá, há mobilizações populares capazes de paralisar actividades económicas, sociais e escolares.

A ausência do político nas reuniões do governo tem gerado um ambiente de disputa entre dois comandos paralelos no país: o institucional e o que ele denomina de “comando popular”. Nhachote enfatizou que ignorar essa realidade pode levar Moçambique a um agravamento da crise e que alguém “precisa descer do pedestal” e aceitar negociar com Mondlane.

Além disso, Nhachote mencionou que Mondlane tem utilizado redes sociais para comunicar-se com a população, embora a interacção digital tenha diminuído. No entanto, suas intervenções presenciais em bairros periféricos e províncias demonstram que ele se consolidou como um ator político relevante e inegociável na busca por soluções para o país.

“Cada dia sem diálogo é um dia perdido”, alertou Nhachote, recordando os 16 anos de guerra civil em Moçambique, que só foram resolvidos após dois anos de negociações. Ele concluiu que o país corre o risco de se polarizar ainda mais se o governo não priorizar o diálogo com Mondlane.