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Magistrado ou Pugilista? – Procurador-chefe de Muanza acusado de espancar cidadão

A cidade da Beira foi palco de uma denúncia grave envolvendo um alto responsável da justiça em Moçambique. O procurador-chefe do distrito de Muanza, na província de Sofala, está sendo acusado de agredir fisicamente um cidadão numa situação de violência que gerou uma grande comoção pública.
Segundo relatos, o incidente ocorreu na quinta-feira da semana passada, durante um encontro em uma tenda onde o procurador estava a consumir bebidas alcoólicas. O jovem agredido, identificado como Samuel Arcanjo, relatou que se encontrava com um amigo em um local próximo quando pediu permissão para ir ao banheiro. No entanto, foi impedido de passar por uma área, que estava reservada como VIP, onde estavam o procurador-chefe, o conservador e um médico. O jovem insistiu e, ao retornar, comprou cerveja para o grupo, que consumiu a bebida na mesma tenda.
O que parecia ser um gesto amigável acabou em violência: o procurador-chefe, aparentemente ofendido por uma observação do jovem, reagiu agressivamente e começou a espancá-lo, inclusive chutando sua cabeça e corpo enquanto o cidadão estava no chão. O jovem foi socorrido pelos amigos e retirado do local. Contudo, as agressões não pararam ali. Mais tarde, o procurador-chefe, já em sua residência, novamente atacou o cidadão, que tentou se proteger enquanto era pisoteado. De acordo com a vítima, os gritos de seus filhos pedindo para o procurador parar foram em vão.
O jovem, que trabalha na empresa pública Electricidade de Moçambique e reside em Muanza há cerca de 10 anos, foi encaminhado ao hospital, onde os médicos constataram que ele sofreu um trauma ocular e dor intensa, que o impediu de realizar suas actividades normais por vários dias. Posteriormente, ele procurou a polícia no distrito de Muanza, mas foi orientado a levar a queixa à cidade da Beira, devido à imunidade do procurador-chefe e à impossibilidade de um julgamento justo no distrito.
A vítima foi então à Procuradoria Provincial da Beira, onde apresentou a queixa formal contra o procurador. A denúncia está sendo investigada, e o jovem aguarda que a justiça seja feita, destacando a gravidade do fato de um procurador-chefe se envolver em uma situação de agressão pública. Em entrevista, Samuel Arcanjo expressou o desejo de que o ocorrido não se repita e que o responsável seja responsabilizado, ressaltando também o medo que sente devido ao poder e influência do procurador-chefe.
Enquanto isso, a Procuradoria da Beira continua a analisar o caso, com o procurador-chefe de Muanza ainda não tendo se pronunciado oficialmente, embora tenha informado que está disposto a dar sua versão dos fatos.
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