Internacional
Maior número de mortos numa mina ilegal na RSA eram moçambicanos

Stillfontein, África do Sul — Entre as 78 mortes confirmadas após uma operação policial numa mina de ouro ilegal, a maioria das vítimas eram cidadãos moçambicanos, segundo as autoridades sul-africanas. A tragédia, descrita como um dos piores incidentes em minas ilegais no país, expõe as condições perigosas enfrentadas por trabalhadores migrantes e levanta preocupações sobre a resposta das autoridades.
Detalhes da operação
De acordo com o Comissário de Polícia Interino, Patrick Asang, foram retiradas 324 pessoas da mina durante a operação, que durou meses:
- 78 corpos foram recuperados, sendo 128 das vítimas identificadas como moçambicanos.
- Entre os sobreviventes, 246 pessoas foram resgatadas e detidas.
- Outros trabalhadores eram do Lesoto (80), Zimbabué (33) e África do Sul (5).
As autoridades confirmaram que não restam corpos nem sobreviventes no subsolo. Uma inspecção final, denominada “operação de limpeza,” será realizada para garantir o encerramento da missão.
Preocupações humanitárias e reacções negativas
A operação foi apelidada de “massacre patrocinado pelo Estado” por críticos, que acusam as autoridades de negligência e tratamento desumano. Sobreviventes alegam que as acções da polícia, incluindo o corte de fornecimento de comida e água, contribuíram para o elevado número de mortes.
Líderes comunitários e organizações da sociedade civil levantaram preocupações sobre a remoção de equipamentos essenciais, como os sistemas de polias, que supostamente aprisionaram mineiros no subsolo. Apesar dessas acusações, as autoridades defendem que agiram para aplicar a lei e combater a mineração ilegal, que causou perdas de mais de 3 bilhões de dólares à economia sul-africana no ano passado.
Uma crise para além da mina
Esta tragédia destaca problemas mais amplos de desigualdade económica e desemprego, que impulsionam a mineração ilegal, especialmente entre populações imigrantes vulneráveis. Crescem os apelos por uma investigação independente, enquanto grupos de direitos humanos exigem responsabilidade e reformas para lidar com a mineração ilegal.