No presente ano, a cidade de Maputo não poderá cumprir com a meta estabelecida de matricular 3.209 alfabetizandos, devido à pandemia da covid-19, tendo conseguido apenas 57%. Os inscritos estão distribuídos em 67 centros de alfabetização existentes ao nível dos distritos municipais Ka Mavota, KaMubukwana, KaTembe, Ka Nyaka, Lhamanculo, Ka Mpfumo e Ka Maxakeni na cidade de Maputo.
Os dados foram revelados pela esposa do Secretário de Estado na Cidade de Maputo Sheila Dimande, que dirigiu o Lançamento do Programa de alfabetização e educação de jovens e adultos no âmbito da Semana internacional da educação.
Dimande, referiu que a população alfabetizada é fundamental para o desenvolvimento nacional, sendo a educação um factor-chave na promoção do bem-estar social e na redução da pobreza, afectando positivamente a produtividade.
Sheila Dimande apontou ainda durante o seu pronunciamento que, devido à necessidade de se combater o analfabetismo, foi desenvolvido em Moçambique o PROFASA (Programa de Família sem Analfabetismo), onde os alfabetizadores são jovens estudantes voluntários do ensino secundário geral que analfabetizam membros da sua família.
A fonte frisou que a participação de todos com afinco e comprometimento contribui para as mudanças desejadas neste programa de alfabetização e educação de jovens e adultos (AEJA) no país e na cidade de Maputo em particular, “sendo necessário implementar-se cada vez mais um processo dinâmico e multifacetado de mobilização popular, realização sucessiva de campanhas de alfabetização de forma a reduzir cada vez mais o índice de analfabetismo de 7.5% corresponde a cerca de 84.000 pessoas não alfabetizadas”.
Por sua a palestrante do Centro de Vhamakwavo, pediu aos presentes para encorajar aos demais que ainda não aderiram à alfabetização “porque é realmente importante pelo motivo de que quem não sabe ler, nem escrever, nada faz no sentido de tratar ou assinar documentos, redes sociais, identificação de transportes entre outros”, disse Carlota.
Por outro lado, Cristina Matola, residente no bairro de Inhagoia “A”, ex aluna do Centro de alfabetização Vhamakwavo, disse que quando foi convidada recusou-se em participar alegando ter muita ocupação, mas em 2008 foi eleita como juiz comandante do bairro, sendo ela uma analfabeta, viu-se na necessidade de frequentar uma escola para adquirir mais conhecimento e ser um exemplo. Dedicou-se aos estudos e foi dispensada em 2010, onde se matriculou na Escola Primária de Inhagoia “A” para frequentar a sétima classe e quando transitou perdeu o esposo, aí continuou com os estudos, mas sem entrega total e acabou por perder ano. Durante 2 anos, mas após isso continuou e finalmente em 2020 concluiu a décima segunda classe. “Em 2010 fui activista também no Hospital Geral José Macamo e no momento, sou oficial de Tosse Centro de saúde de Inhagoia” acrescentou.
Na sua intervenção a alfabetizadora Lúcia Alfredo explicou que começou a abraçar a área em 1992 no Xipamanine e quando se mudou para o bairro de Magoanine “C” vulgo Matendene não teve a oportunidade de recomeçar por ser nova no bairro e num “belo dia”, quando saiu de casa à baixa da cidade comprar algum presente para oferecer aos recém-casados residentes na província de Maputo, no transporte encontrou-se com uma vizinha, esta que não sabe ler e subiu o transporte após ter visto ela, pensando que o carro era do seu destino, mas infelizmente enganou-se e após esse acontecimento, teve força de vontade para voltar a abraçar a profissão.
Há um trabalho grandioso a ser feito, contudo, onde há trabalho há também desafios e dentre estes, destaca-se a redução dos índices de analfabetismo que ainda são elevados na Cidade de Maputo, situando-se em 7.5% segundo o censo de 2017, aprimorar a divulgação e massificação dos programas de alfabetização e Educação de Adultos dentre eles o Movimento para Advocacia, Sensibilização e Mobilização de recursos para a Alfabetização (MASMA), elevação dos efectivos de alfabetização/educandos, sobretudo da população masculina.
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