Acção Ambiental
Mapeamento de Ervas Marinhas impulsiona conservação e acção climática no Oceano Índico Ocidental
Cidade de Zanzibar, 3 de Março de 2025 – Uma iniciativa pioneira de mapeamento de ervas marinhas está a ganhar força no Oceano Índico Ocidental, visando melhorar a conservação e fortalecer as acções climáticas na região. A Western Indian Ocean Marine Science Association (WIOMSA), em parceria com a The Pew Charitable Trusts e a Universidade de Southampton, lançou a Iniciativa de Mapeamento e Gestão de Ervas Marinhas em Larga Escala (LaSMMI), um projecto ambicioso que irá desenvolver o primeiro mapa de ervas marinhas verificado no terreno em quatro países: Moçambique, Quénia, Tanzânia (incluindo Zanzibar) e Madagáscar.
As ervas marinhas são essenciais para a biodiversidade marinha e o sequestro de carbono, mas permanecem subestudadas e ameaçadas. O projecto LaSMMI utilizará imagens de satélite e verificação no terreno para criar mapas precisos destes habitats, abrangendo 9.500 km de linha costeira e mais de 2 milhões de km² de área marítima.
“As ervas marinhas são os heróis desconhecidos dos oceanos, fundamentais para a vida marinha e para a mitigação das alterações climáticas”, afirmou o Dr. Arthur Tuda, Director Executivo da WIOMSA. “No entanto, continuam a ser dos ecossistemas menos compreendidos e protegidos. Com o LaSMMI, pretendemos mudar este cenário, trazendo ciência e colaboração para valorizar e proteger estes habitats vitais”.
Objectivos do Projecto LaSMMI
O LaSMMI não se limita ao mapeamento, mas também visa:
- Criar um mapa padronizado e verificado das ervas marinhas até 2026;
- Avaliar os estoques de carbono para apoiar estratégias climáticas;
- Capacitar investigadores locais com formação técnica e workshops;
- Sensibilizar comunidades para a conservação das ervas marinhas;
- Integrar dados nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) ao abrigo do Acordo de Paris.
“O LaSMMI representa um passo crucial para garantir que os ecossistemas costeiros são protegidos e integrados nas estratégias climáticas globais”, disse o Dr. Gwilym Rowlands, da Universidade de Southampton. “Ao conectar ciência e política, impulsionamos acções de conservação que beneficiam tanto a biodiversidade quanto as comunidades”.
Parcerias Estratégicas para a Conservação
A iniciativa conta com instituições de investigação líderes na região, como:
- Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique);
- Kenya Marine and Fisheries Research Institute (Quénia);
- Universidade de Dar es Salaam e Universidade Estatal de Zanzibar (Tanzânia);
- Universidade de Toliara – Instituto de Pescas e Ciências Marinhas (Madagáscar).
O Professor Salomão Bandeira, da Universidade Eduardo Mondlane, destacou o potencial das ervas marinhas para a adaptação climática e protecção costeira. “Estas pradarias marinhas são verdadeiras superpotências de armazenamento de carbono, fundamentais para a resiliência das comunidades costeiras”, sublinhou.
Experiência Bem-Sucedida nas Seychelles
O LaSMMI baseia-se no sucesso do projecto de Mapeamento de Ervas Marinhas e Avaliação do Carbono das Seychelles, que ajudou o país a proteger todos os seus tapetes de ervas marinhas dentro da sua NDC de 2021.
A Dra. Stacy Baez, da Pew Charitable Trusts, reforçou a importância do projecto. “Ao mapear e quantificar o carbono armazenado nestes ecossistemas, o LaSMMI dará suporte à conservação e gestão sustentável das ervas marinhas, beneficiando tanto a natureza quanto as comunidades locais”.
Com essa iniciativa, Moçambique e os demais países envolvidos dão um passo decisivo na protecção dos seus recursos marinhos, assegurando um futuro mais sustentável para as gerações futuras.