sex. fev 7th, 2025

No programa Balanço Geral da Miramar, foi transmitida uma intervenção que gerou forte polémica dentro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). O deputado e fundador do partido, Elias Impuire, questionou publicamente a liderança do MDM, liderada por Luther Simango, sobre o inexplicável aumento do número de deputados do partido, que passou de quatro para oito.

Durante a transmissão, Elias Impuire referiu que este incremento suscita dúvidas entre os membros fundadores do MDM, uma vez que não foi claro se o aumento decorre de negociações secretas ou de um reequilíbrio interno na distribuição de poder. Segundo o deputado, “os números oficiais da Comissão Nacional de Eleições indicavam quatro deputados, e agora, de forma surpreendente, o partido apresenta oito representantes”. Ele pediu esclarecimentos ao presidente do partido, questionando se a liderança estaria a tomar decisões unilaterais por telefone, sem convocar reuniões ou ouvir os demais dirigentes.

Impuire e outros membros fundadores recordaram que, em 2009, o MDM foi criado com o intuito de ser uma alternativa democrática e de paz face à hegemonia dos partidos dominantes, nomeadamente a FRELIMO. No entanto, o que se tem observado nos últimos anos é um afastamento dos princípios que originaram a fundação do partido. Os críticos afirmam que o MDM, que deveria ser uma instituição coletiva, tem vindo a ser gerido de forma centralizada e exclusiva, podendo inclusive tornar-se, num futuro próximo, um mero departamento dentro do próprio governo.

Outra preocupação expressada durante a intervenção diz respeito à falta de reuniões e à escassez de comunicação interna. Desde o início de 2023, o partido realizou apenas um encontro do Conselho Nacional, o que, de acordo com os críticos, enfraquece a coesão e o espírito democrático da formação. “Estamos a ver o desaparecimento do verdadeiro MDM, onde os membros e fundadores não têm voz e os interesses particulares parecem sobrepor-se ao bem comum”, afirmou Impuire.

A declaração de Elias Impuire, proferida no Balanço Geral da Miramar, ecoou entre os simpatizantes e membros do partido, que se mostram preocupados com o rumo que o MDM tem tomado. O pedido é claro: uma reunião urgente dos quadros e do Conselho Nacional para discutir os rumos da liderança, esclarecer a origem dos novos deputados e reorientar a gestão do partido, de forma a preservar a sua identidade e o seu compromisso com uma alternativa democrática ao governo de FRELIMO.

A situação permanece em aberto, e a expectativa é que a liderança do MDM responda às críticas, promovendo um debate interno que permita restaurar a confiança dos seus membros e assegurar que o partido continue a servir os interesses dos moçambicanos.

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