Depois da visita efectuada nesta quarta-feira pela Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos Helene Kida, à Penitenciária Especial para Mulheres de Maputo, no bairro Ndlavela Município da Matola, em detrimento da divulgação dos Resultados de uma investigação sobre casos de exploração sexual de detentas, e, após a dirigente do pelouro de justiça ter anunciado a criação de uma “comissão independente” de inquérito para apurar a veracidade dos factos, o Centro de Integridade Pública (CIP) entende que o MJCR, por ser parte interessada no caso, devia apartar-se de participar ou mesmo dirigir a comissão de inquérito que se quer de facto independente, dado que, pretenderá resgatar a sua credibilidade colocada em causa pelos resultados da investigação, influenciando, dessa forma os respectivos resultados.
Aquela organização não governamental avança que o MJCR deve apenas garantir que os resultados do trabalho a ser realizado pela comissão sejam credíveis para, posteriormente, agir no que respeita as suas competências, designadamente, se vier a ser provada a participação dos agentes penitenciários nos factos constantes da investigação, agir disciplinarmente contra os mesmos, sem afastar a necessidade de colaboração institucional com o MP como titular da acção penal, uma vez que existem indícios da prática de actos criminais.
O CIP, diz que para que a comissão de inquérito realize um trabalho meritório, o que o MJCR deve fazer é outorgar-lhe plenos poderes para agir sem qualquer tipo de interferência e ou pressão.
“Para conferir maior credibilidade à comissão, a mesma deve, também, ser integrada por personalidades independentes e de reconhecido mérito em Moçambique que trabalham na defesa/protecção dos direitos humanos e por organizações da sociedade civil que actuam na mesma área.
Segundo a ministra, a comissão será composta pelo próprio interessado Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos (MJCR), Ministério Público (MP), Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), Centro de Formação Jurídica e Judiciária (CFJJ), Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ), Associação das Mulheres de Carreira Jurídica, Comissão Nacional dos Direitos Humanos, Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) e por um grupo de psicólogos
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Por despacho datado de 16 de Junho de 2021 a Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, decidiu:
1. Suspender com efeitos imediatos toda a direcção do Estabelecimento Penitenciário Especial de Ndlavela;
2. Criar uma comissão de inquérito dirigida pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
Recorde-se que o histórico sobre as comissões de inquérito criadas em Moçambique por entidades governamentais, e que findo o seu trabalho não apresentam resultados satisfatórios, é bastante elucidativo da necessidade destas passarem a ser verdadeiramente independentes.
Neste sentido, existem entidades que não devem fazer parte da comissão de inquérito criada para apurar os resultados da investigação de
exploração sexual de reclusas apresentada pelo CIP.
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