Apesar das adversidades impostas pelo terrorismo em Cabo Delgado, que resultaram na redução de mais de 4.000 cabeças de gado bovino nos últimos cinco anos, o Governo moçambicano continua a investir na resiliência e revitalização do sector agro-pecuário, com destaque para a saúde animal e inovação tecnológica no campo.
O Governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, lançou esta semana a campanha de vacinação animal no distrito de Metuge, com o ambicioso objectivo de imunizar mais de 10.000 cabeças de gado contra o carbúnculo hemático e sintomático, doenças que continuam a ameaçar a produtividade pecuária. A província investe anualmente cerca de 1,2 milhões de meticais na protecção sanitária do seu efectivo pecuário.
Digitalização nas machambas
Noutra frente, o Governo, em parceria com a FAO, iniciou a distribuição de mais de 3.000 dispositivos móveis a agricultores nas províncias da Zambézia, Nampula e Manica, no âmbito do projecto de digitalização das Escolas na Machamba do Agricultor. A iniciativa visa modernizar o ensino agrícola, promover acesso à informação técnica em tempo real, e melhorar a produtividade rural através do uso de aplicações móveis com conteúdos práticos e adaptados às realidades locais. O projecto-piloto abrange 13 distritos, com intenção clara de massificar a tecnologia digital no meio agrário.
Sinais de recuperação nacional
No panorama nacional, Moçambique registou em 2024 um crescimento de 3% no efectivo bovino, com o número total de cabeças a atingir 2.467.082, enquanto a produção de carne bovina subiu 1%. Esta evolução é impulsionada por campanhas de vacinação em larga escala, como as de Gaza e Niassa.
Em Gaza, o plano é imunizar 544.437 bovinos, promovendo o aumento da produção e sustentabilidade pecuária. Já no Niassa, a meta é vacinar mais de 34.000 bovinos, um aumento de 12,1% em relação ao ano anterior, consolidando o compromisso com a sanidade animal.
Estes dados revelam uma estratégia integrada que aposta simultaneamente na protecção do gado, tecnificação do campo e resiliência às ameaças externas, numa tentativa de alavancar o sector agro-pecuário como pilar do desenvolvimento socioeconómico nacional.




