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Moçambique transformar-se no Afeganistão?

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Desde Outubro de 2017, Cabo Delgado é palco de ataques de grupos de machababos (insurgentes). A partir de meados de 2019, a maioria dos ataques são reivindicados pelo Estado Islâmico na África Central.

Certo é que o alto nível de recrutamento entre as populações locais, principalmente entre a juventude local, tem, de acordo com várias organizações não governamentais, activistas e especialistas, é justificado não apenas por questões religiosas, como também pelo descontentamento face à falta de oportunidades, à falta de investimento na região, às desigualdades geradas pelos projectos de exploração de gás na região.

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Em 2021, Joseph Hanlon, na sua análise sobre o terrorismo em Cabo Delgado, chegou a referir que “O pior cenário é Moçambique transformar-se em Afeganistão”, lançando uma grande responsabilidade ao FMI, do Banco Mundial, multinacionais e das grandes potências estrangeiras presentes no país.

Ao Esquerda.net, terá dito que “A melhor forma de resolver esta guerra é criar empregos (…) Se fossem criados 10.000 empregos, a guerra terminava, porque não haveria ninguém para combater (…) mas parece que ninguém está interessado em fazê-lo”.

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Vai mais longe afirmando que a ganância e a corrupção dos líderes do partido no poder, a Frelimo, têm um papel central no conflito em Cabo Delgado. Mas este papel não seria possível sem o apoio e encorajamento da comunidade internacional, das instituições e dos bancos estrangeiros.

“A Frelimo assumiu-se no pós-independência como um governo socialista e multirracial, o que constituía uma ameaça para os Estados Unidos da América e para a África do Sul do apartheid. Quando Ronald Reagan assumiu a presidência dos Estados Unidos, intensificou a Guerra Fria e começou as guerras proxy [guerras por procuração]. Uma dessas guerras teve lugar em Moçambique. Os Estados Unidos usaram a África do Sul para atacar o país, criar a Renamo, etc.”

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O jornalista, investigador e sénior visitante em Desenvolvimento Internacional na London School of Economics, no Reino Unido, editor do boletim informativo Mozambique News Reports and Clippings, Co-autor do livro Civil War, Civil Peace, Hanlon, com o fim da Guerra Fria, a guerra proxy chegou ao fim. Os prejuízos foram enormes. Pelo menos, um milhão de pessoas morreram naquela guerra. As infraestruturas foram muito afectadas, com a Renamo a destruir todos os negócios nas zonas rurais. “O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) apareceram e disseram: “Vamos salvar-vos”. E exigiram o mesmo que impuseram na Europa do Leste e Ásia Central: a ‘terapia de choque’, que, basicamente, é uma tentativa de, rapidamente, converter os comunistas em capitalistas. E de criar oligarcas e corrupção massiva, que foi o que aconteceu em Moçambique”.

Portanto, desde 1995, estão a ser criados novos capitalistas em Moçambique. São-lhes dadas empresas privatizadas, atribuídos empréstimos do Banco Mundial, sem que tenham de se preocupar com o seu pagamento… E os seus negócios dependem inteiramente de contractos com o Estado. Portanto, o facto de serem a elite do Estado é o caminho para se tornarem homens de negócio. A construção do Moçambique capitalista passa por uma fusão do partido e do negócio.

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É importante referir que, em 1995, Moçambique era um país extremamente pobre. À época ainda não eram explorados os recursos naturais. Todas as ligações para ganhar dinheiro implicavam capital estrangeiro. Nos 20 anos seguintes, foi desenvolvido um sistema a que chamo de ‘comprador oligarchsi. O maior oligarca é Armando Guebuza, alegadamente, o homem mais rico do país quando assumiu a presidência de Moçambique. O que é importante sobre Armando Guebuza é que ele foi comandante da Frelimo durante a guerra de libertação nacional.

Hanlon, explica que os contornos que os conflitos em Cabo Delgado tomaram…

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