Uma morte que marca a história moderna da Nigéria
Muhammadu Buhari, ex-presidente da República Federal da Nigéria, faleceu em Londres aos 82 anos, vítima de uma doença prolongada.
O anúncio foi feito por volta das 16h30 locais, pelo porta-voz do actual presidente Bola Tinubu, através da rede X (antigo Twitter).
A notícia gerou comoção nacional e internacional, colocando em destaque o impacto duradouro do seu percurso político e as promessas não cumpridas.
Buhari: o opositor que chegou ao poder pelo voto popular
Em 2015, Buhari fez história ao tornar-se o primeiro opositor na era democrática da Nigéria a vencer um presidente em funções — Goodluck Jonathan.
A eleição foi considerada a mais transparente da história do país, marcando o início de uma nova fase democrática na África Ocidental.
Militar reformado, já havia liderado a Nigéria na década de 1980 após um golpe. Reapareceu como civil, com promessas de reforma e integridade.
Frase icónica de Buhari:
“Eu pertenço a todos e não pertenço a ninguém.”
Austeridade, anti corrupção… e decepções
Buhari consolidou-se como símbolo de rigor moral e combate à corrupção. Porém, sua governação ficou marcada por falhas graves.
Apesar das promessas, a segurança interna deteriorou-se. O Boko Haram e grupos separatistas ganharam força durante o seu mandato.
A economia também sofreu: duas recessões, escassez de divisas e perda de liderança africana em termos de PIB. A naira desvalorizada e a má gestão cambial agravaram a crise.
Por que Buhari divide opiniões?
- Positivo:
- Promoveu a alternância democrática;
- Recusou enriquecer ilicitamente;
- Inspirou milhões com seu perfil austero.
- Negativo:
- Fracassou no combate ao terrorismo;
- Teve má performance na economia;
- Deixou a Nigéria mais fragmentada e insegura.
O que dizem os analistas
Segundo Alexis Akwagyiram, editor-chefe da Semafor, Buhari será lembrado por “alcançar o impossível: vencer como oposição”.
Mas também o classificou como “muito ineficaz” na gestão económica e na questão da segurança.
O que fica para a Nigéria?
A morte de Muhammadu Buhari reacende o debate sobre as dificuldades das jovens democracias africanas.
Ele provou que a alternância é possível, mas também demonstrou que a governança eficaz requer mais do que boas intenções.




