sex. fev 7th, 2025
Muchanga, negociaçõis políticas, Venâncio, Procuradoria, processos judiciais, lideranças locais, política moçambicana, oposição, abuso de poder

Num discurso proferido recentemente, Muchanga advertiu que não convém avançar na política de forma solitária, sem incluir o engenheiro Venâncio, a quem descreveu como “o que apanhou o rabo deste leão”. Segundo o orador, se Venâncio for enfraquecido ou excluído das negociações, os adversários poderão aproveitar a situação, pondo em risco toda a estabilidade e o futuro da liderança política.

Segundo Muchanga, as recentes deliberações e os processos instaurados pela Procuradoria, que têm sido, nas suas palavras, “instruídos até em bares”, não possuem fundamentos reais para prosseguir. O orador criticou publicamente a forma como os processos se acumulam, fazendo-se recorrer a sucessivos recursos – desde o tribunal de primeira instância até ao tribunal regional – o que, na sua visão, consome tempo precioso e poderá vir a imbuir Venâncio de uma imunidade que o tornará intocável.

O alerta estendeu-se ao âmbito da nomeação dos chefes de localidade, visto que os novos governadores têm vindo a proceder à substituição dos antigos dirigentes, ignorando a vontade da comunidade, que deveria ser a verdadeira soberana na escolha dos seus líderes. Para Muchanga, deixar o “Ven” de fora das negociações seria, na prática, fertilizar o terreno para a destruição do pouco que já foi construído e consolidado pela oposição.

Em tom de crítica, o orador recordou ainda episódios passados, mencionando que já se verificaram situações de abuso de poder e arbitrariedade – desde a imposição de pedágios em pontos estratégicos que atrasam serviços públicos, como o acesso às escolas, hospitais e centros de saúde, até à imposição de condições que afectam o bem-estar dos cidadãos. Para ele, tais práticas revelam uma preocupação dos responsáveis em manter o poder a todo o custo, mesmo que para isso tenham de sacrificar o interesse do povo.

Muito também foi criticada a atuação da Procuradoria, que, segundo Muchanga, devia concentrar os seus esforços em investigar crimes de maior gravidade, nomeadamente os cometidos pela polícia durante manifestações pacíficas, em vez de se ocupar de processos que não têm “bases reais”. O discurso sublinhou a necessidade de se dar prioridade a questões que afectam a vida quotidiana dos moçambicanos, como o fornecimento de água, eletricidade e a prestação de serviços públicos essenciais.

Muchanga concluiu o seu discurso alertando para o facto de que as negociações que se encontram em curso não passam de entretenimento, enquanto o partido no poder procura consolidar a sua posição. Acrescentou que, se as negociações se continuarem nesta senda, a liderança da oposição será inevitavelmente transferida para o segundo mais votado, podendo resultar na perda de todo o avanço conquistado até à data.

Esta séria advertência surge num contexto de grande turbulência política, onde o equilíbrio entre os vários actores do panorama nacional permanece frágil, exigindo uma reflexão profunda acerca dos rumos que a política moçambicana deverá tomar para garantir a representação legítima dos interesses do povo.

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