MULHERES CONFIANTES NUMA MUDANÇA POLÍTICA SOBRE O FEMINISMO EM MOÇAMBIQUE

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A ocupação de lugares cimeiros na liderança de grupos políticos e juvenis por parte das mulheres em Moçambique é um desejo que está a se concretizar a cada ano, mas, os desafios permanecem.

Na quarta-feira em Maputo as ligas femininas da FRELIMO, MDM e RENAMO, estiveram reunidas numa mesa redonda para reflectir sobre seus avanços e espaço na sociedade moçambicana, no âmbito do lançamento do Programa Power of Dialogue iniciativa do Instituto para Democracia Multipartidária(IMD) em coordenação com a Embaixada do Reino dos Países Baixos em Moçambique.

As três ligas defenderam durante o evento que a iniciativa vai contribuir para que a voz da mulher e dos jovens sejam cada vez mais valorizadas nos partidos políticos bem como sua inclusão no país.

Secretária OMM, Mariazinha Niquice

A Secretária da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), o braço feminino do partido Frelimo, Mariazinha Niquice, avançou que a luta das mulheres por liberdade, igualdade e participação na política tem feito parte da sua constituição histórica sempre em busca do respeito da sociedade e, acima de tudo a sociedade passou a aceitar que a mulher além de deveres domésticos, é digna de direitos para a vida social, económica e política.

“Em moçambique a mulher tinha uma posição de inferioridade em relação ao homem em todos os níveis sociais, culturais e económicos, contudo com o compromisso assumido pelo Estado sobre a igualdade de género, o nosso governo adoptou medidas políticas que contornaram essas barreiras ao exercício do direito fundamental à participação política da mulher e à igualdade de género, barreiras que punham em risco o desenvolvimento da sociedade”, disse Niquice.

Mariazinha Niquice aponta que para o partido Frelimo a valorização e empoderamento da mulher não constitui novidade, uma vez que desde a luta de libertação nacional, a mulher vem marcando presença e actuação nos espaços de poder.

“Estamos cientes que ainda temos desafios para alcançar os objectivos definidos no programa do partido Frelimo e também nas agendas 2030 das Nações Unidas e 2063 da União Africana”, disse Mariazinha, acrescentando que nesse sentido, é perspectiva do seu partido continuar a promover a união das mulheres e jovens, para uma causa comum sem discriminação da cor ou filiação política bem como cumprir com o desafio da sua formação política escolarizar as mulheres e jovens para a sua participação plena na vida política e na defesa dos seus direitos.

A Presidente da Liga Feminina da Renamo, Maria Inês, entende que a participação política da mulher assim como dos jovens é uma luta que deve ser enfrentada e aos poucos vai se atingir os objectivos desejados que é estar em pé de igualdade com os homens sobretudo nas estruturas de tomada de decisão ao nível social, económico e político.

“Entendemos que à semelhança das mulheres, os jovens também devem continuar a lutar para se afirmar sobretudo dentro dos partidos políticos e esta é uma luta contínua”, disse.

Segundo ela, os partidos também têm a responsabilidade de tomar atenção nos momentos da criação das listas de candidaturas, “tem que haver uma posição dos jovens assim como para as mulheres nos lugares cimeiros. O que acontece é que os jovens são colocados no fim das listas, o que dificulta a sua eleição e consequentemente a ascensão para posições de tomada de decisão depois das eleições”, explicou Inês.

Por sua vez, a Presidente da Liga Feminina do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Judite Macuácua, apontou que apesar dos avanços significativos da participação da mulher e jovem na vida política do país, sobretudo no que diz respeito a sua presença nos órgãos de liderança nos partidos políticos, ainda há desafios a serem superados, na educação, saúde, economia, dentre outros.

“Há outro desafio, devido como o sistema político está estruturado e a percepção que se tem, sobre o real papel da mulher num espaço público e de tomada de decisão”, disse Judite.

Judite Macuácua acredita que os progressos quantitativos devem se traduzir em crescimento qualitativo, isto é, que as mulheres e jovens sejam uma mais-valia a favor dos outros, de modo a que estes se sintam devidamente representados.

Segundo afirma, o sistema político obriga que muitas vezes as mulheres tenham que primeiro ou quase que unicamente responder às questões ligadas aos seus partidos descurando a agenda das mulheres.

“O Sistema Zebra e a representação equitativa de mulheres e homens de forma alternada e sucessiva nas listas de candidatura dos actores políticos aos pleitos eleitorais. Quer dizer que nas listas de candidatura apresentam-se em 50% de homens e 50% de mulheres de forma alternada”, explicou Judite que entende que este sistema deve ser implementado à nível do partido político para permitir a visibilidade da participação da mulher na vida política.

A Presidente da Liga Feminina do MDM diz que as mulheres devem formar parcerias estratégicas com as organizações da sociedade civil, pois, quando a mulher tem uma voz real em todas as instituições do governo, desde a política, sector público, privado, e sociedade civil, elas serão capazes de participar igualmente com os homens e influenciar decisões que determinam o seu próprio futuro, das suas famílias, comunidade e nações.

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