Nacional
O declínio da soberania alimentar em Moçambique: Um desafio urgente para o País

Nos últimos anos, Moçambique tem enfrentado um crescente desafio relacionado à sua soberania alimentar, uma questão que põe em risco a segurança das populações e o futuro económico da nação. Apesar das vastas terras agrícolas e do potencial que o país possui, a dependência de importações alimentares tem aumentado de forma alarmante, tornando-se uma ameaça concreta para a autonomia nacional.
A crise é multifacetada e está intimamente ligada ao abandono progressivo das práticas agrícolas tradicionais e à insuficiente capacitação dos produtores rurais. A modernização, muitas vezes imposta por políticas externas, tem levado a um enfraquecimento das técnicas locais que outrora garantiram a subsistência de gerações inteiras. As sementes resistentes, adaptadas às condições locais, estão a ser substituídas por variedades exóticas, mais susceptíveis a pragas e a climas erráticos.
A escassez de investimentos em infraestruturas agrícolas adequadas, a escassa pesquisa no domínio agropecuário e a má gestão de recursos naturais, como a água e os solos, contribuem ainda mais para a crescente vulnerabilidade dos camponeses. As famílias rurais, que dependem exclusivamente da agricultura para o seu sustento, enfrentam dificuldades na comercialização dos seus produtos, muitos dos quais se perdem por falta de transporte e de acesso a mercados.
Para além disso, a instabilidade climática, com secas prolongadas e inundações devastadoras, tem agravado a situação. Em muitas regiões, as colheitas têm sido dizimadas, comprometendo a capacidade de os camponeses garantirem alimentos suficientes para as suas famílias. Este ciclo de vulnerabilidade tem levado a um aumento alarmante da pobreza nas zonas rurais.
Em resposta, organizações da sociedade civil e grupos comunitários têm apelado para um regresso às práticas agrícolas tradicionais e para a implementação de políticas que valorizem a produção local. Contudo, a falta de uma estratégia nacional coesa e a ausência de um plano de ação eficaz têm dificultado a implementação de soluções duradouras.
A soberania alimentar é mais do que uma questão de produção agrícola. Ela é um pilar fundamental para a preservação da identidade nacional e para o fortalecimento da independência de Moçambique no cenário global. O país, que um dia foi autossuficiente em alimentos, precisa urgentemente de repensar as suas políticas agrícolas e investir nas suas pessoas e recursos naturais, de modo a garantir um futuro mais seguro e próspero para as gerações vindouras.
Esta é uma luta que exige coragem, visão e, sobretudo, a união de todos os moçambicanos em torno de um mesmo objetivo: a preservação da nossa autonomia alimentar. A hora de agir é agora.