ter. dez 3rd, 2024

Opinião: A renovação na Frelimo como segredo da vitória

Por: Dinis Tivane

Um dos maiores desafios dos nossos partidos políticos é a necessidade da sua renovação permanente para fazer face aos desafios políticos, económicos e sociais do país. Uma análise rápida permite constatar que no nosso país, apenas a Frelimo tem tido uma renovação sistemática e real, isto desde a sua formação.

Uma vez, tomei parte de um comício popular de apresentação do candidato da Frelimo Daniel Chapo e, o Presidente Filipe Nyusi disse algo que pode nos passar de forma despercebida, mas é real e profunda. Quando Eduardo Mondlane perdeu a vida foi sucedido por Samora Machel, que era mais novo e de outra escola e modo de ser e estar na política e na sociedade. Quando o Presidente Samora morreu no acidente de aviação, veio a lhe suceder Joaquim Chissano. Depois de cumprir o processo de transição democrática e ainda cumprir dois mandatos, o Presidente Chissano foi substituído por Armando Guebuza. O Presidente Guebuza por seu turno veio a ser substituído por Filipe Nyusi. Um dos denominadores comuns deste processo de sucessão é que os mais novos sempre vieram substituir os mais velhos. Agora o Presidente Nyusi esta prestes a entregar o bastão a Daniel Chapo, mais novo ainda. Mas Chapo não só é mais novo (nasceu dois anos depois da independência) como também é o primeiro que não tem uma ligação directa com a luta de libertação nacional, diferentemente dos seus antecessores.

Mas o que nos sugere este modelo de sucessão? Mais uma vez fazendo uma análise rápida, podemos perceber que a Frelimo sempre encontrou lideranças próprias para cada contexto. Eduardo Mondlane, considerado arquitecto da unidade nacional, desempenhou um papel importante para que os objectivos da luta de libertação nacional fossem concretizados através da união das várias correntes de opinião, que não olhavam para o conjunto. Quando ele morre, é substituído por um guerrilheiro de convicções fortes, uma personalidade perfeita para o contexto em que a luta armada devia continuar até a independência. Esta liderança forte e carismática estava encarnada em Samora Machel que além dos ideais do partido tinha que dirigir em tenra idade a primeira república. Os desafios do momento exigiam uma postura mais forte do líder máximo da Frelimo e Presidente do País. Havia resquícios do colonialismo que deviam ser eliminados em vários sectores da sociedade e mesmo dentro da Frelimo. Infelizmente, Samora viria a perder a vida na sequência da queda do avião presidencial em Mbuzine.

Se os resquícios do colonialismo já estavam colmatados e Moçambique já estava abrir os caminhos para o mundo, claro que devia encontrar um diplomata para concluir à transição económica e, ao mesmo tempo, acabar com a guerra que era imposta pelos perdedores. Estamos a falar daqueles que criaram e financiaram a RENAMO para iniciar a guerra de desestabilização. O Presidente Chissano desempenhou um papel importante para o início da transição económica do país, dada sua postura ponderada e diplomática, ao mesmo tempo que ele negociou a paz com a RENAMO. Se a paz, ainda que fosse armada, já tinha sido encontrada e os investimentos privados estavam a ganhar corpo e forma, era preciso ter uma sensibilidade diferente para líder com a situação, bem como gerir abordagem política, multi partidária que o país já tinha assumido. Foi assim que entra em cena o comissário político e empresário Armando Guebuza.

A Frelimo mais uma vez tinha achado aqui uma pessoa para gerir questões de índole política e económica. Era uma pessoa que tinha participado na luta de libertação nacional, desempenhou papéis relevantes na primeira república, liderou a equipe negocial dos acordos de paz e conhecia os corredores de investimentos. Armando Guebuza terminou os seus dois mandatos e mais uma vez a Frelimo surpreendeu a tudo e todos, foi buscar um Engenheiro, Filipe Jacinto Nyusi, primeiro licenciado na direcção máxima do país. Não estava directamente ligado a luta, mas é descendente de combatentes. Ele simbolizava a entrada na gestão máxima do partido e do estado, da geração 8 de Março. Outro aspecto interessante é que ele vinha do grupo dos improváveis. Nyusi resolvia o problema de representatividade nacional em termos de gestão do topo do partido e do estado.

Como que a fazer jus ao fim das metanarrativas, a Frelimo trouxe uma pessoa para fazer o trabalho e não para falar. Já havia investimentos a paz não era efectiva e havia outros desafios, mais uma vez era preciso buscar alguém ponderado, com quem, por exemplo, a liderança da RENAMO não tinha uma relação e por isso seria mais receptiva. Foi isso que aconteceu, Nyusi veio selar o dossier da paz e felizmente já estamos a viver uma paz tranquila. O país teve tempo para pensar e implementar infra-estruturas sociais, aumentar emprego e melhorar a qualidade de vida. Melhorou a sua projecção internacional, fazendo parte e dirigindo vários organismos internacionais como o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Nyusi já está a concluir a sua missão. Quais são os desafios fundamentais do nosso país? Emprego para jovens; gestão dos recursos minerais; direitos humanos e justiça social. A Frelimo no mandato do Presidente Nyusi teve oportunidades de emprego para jovens; construiu tribunais, bancos, escolas, hospitais, abriu fontes de água e expandiu energia. O que se segue?

No dia 5 de Fevereiro surgiu mais uma vez a luz e a esperança a partir da Matola. A eleição de Daniel Chapo a candidato presidencial da Frelimo, foi saudada não só a nível interno como nos principais sectores hostis à Frelimo. Esta eleição acabou com o velho discurso de que “devemos nos libertar dos libertadores” muitas vezes ecoado pelas vozes da oposição.

A Frelimo elegeu um candidato jovem, isto pressiona a oposição que deverá encontrar argumentos para fazer face a esta candidatura da Frelimo. Daniel Chapo resolve muitos problemas e questionamentos de que a Frelimo era alvo. Para já é o mais novo de todos os candidatos presidenciais, portanto mais jovem. É o que mais tem formação em comparação com os seus concorrentes; é o que tem experiência de governação em relação a todos que querem chegar à ponta vermelha.

O percurso político, académico e profissional de Chapo, lhe confere legitimidade para falar das questões centrais do desenvolvimento do país. Se, por exemplo, olharmos para as oportunidades de emprego que ele criou em Nacala Velha quando era administrador. Ele obrigou os investidores a apostarem nos jovens locais numa altura que havia muitos projectos. E depois foi a Palma para gerir a fase inicial dos investimentos petrolíferos. Em Palma deixou saudades e marcas indeléveis. Nestes dos distritos, Chapo teve contacto com o sector de gestão dos recursos naturais, uma área chave para quem quer governar o país. Depois foi a Inhambane e por quase dez anos transformou a província e uma vez mais forçou aos exploradores dos nossos recursos a terem em conta os moçambicanos.

A pergunta que faz é, quem dos que a oposição apresenta já governou um território? Quem dos que a oposição apresenta já serviu o povo? Quem dos que a oposição apresenta é realmente jovem? Quem dos que a oposição apresenta tem estrutura e equilíbrio necessários para dirigir os moçambicanos? A resposta a estas perguntas é tão óbvia que apenas a ignorância pode não enxergar. Por isso que estes partidos da oposição não conseguem falar especificamente de Chapo, mas querem atingi-lo falando da Frelimo.

O modelo de sucessão da Frelimo é coerente e tem um forte impacto na vida nacional. A eleição de Chapo está encorajar a retoma de muitos investidores, que sabem que ele é o próximo Presidente. Nenhum investidor sério iria sinalizar para os três candidatos da oposição porque eles não tem garantias reais ou postura convivente para gestão da coisa pública.

A sucessão dentro da Frelimo é feita sempre tendo em conta os desafios do momento e Daniel Chapo vem a ser a solução para o que hoje inquieta aos moçambicanos. Os outros candidatos da oposição estão mais numa disputa entre eles que com a Frelimo.
Ora Venâncio Mondlane, por exemplo, saiu da Frelimo com esperança de arrastar o eleitorado desta formação política para o MDM, depois saiu do MDM para RENAMO com esperança de esvaziar a capoeira da família Simango para juntar o Galo à Perdiz e mais recentemente abandonou a RENAMO para se juntar a CAD. Portanto, ele está a tentar dividir o eleitorado com a oposição e não com a Frelimo. Se alguém foi a perder assentos no parlamento será a RENAMO e o MDM.

Portanto, os partidos da oposição nunca irão conseguir suplantar a Frelimo porque está além de democrata, consegue encontrar líderes para cada contexto. São pessoas que criam esperança e abrem luz para o país seguro em frente.

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By Agostinho Muchave

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