PARA AS TROPAS RUANDESAS EM CABO DELGADO: Moçambique tenta contrair mais uma dívida de 20 milhões de euros sem o conhecimento da AR

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Maputo apresentou um novo pedido de ajuda de 20 milhões de euros para o exército ruandês, que opera no Norte do país, mas, alguns Estados-membros da União Europeia estão particularmente desconfortáveis com a ideia de aceitar. Nos corredores da Comissão Europeia (UE), a questão da segurança moçambicana continua a ser um tema de tensão entre os Vinte e Sete.
Segundo noticia a Africa Intelligence, há algumas semanas, Moçambique apresentou um novo pedido de apoio ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (FPE) para as tropas ruandesas na província de Cabo Delgado, Norte do país. Moçambique pede 20 milhões de euros(cerca de 1,3 bilhão de meticais) para financiar estes projectos.
O cepticismo da Comissão Europeia pode ser ultrapassado com aprovação e liberação da exploração, ou seja, da retoma para a exploração do GNL pela Total Energies.
A AFRICA INTELLIGENCE aponta que o custo da operação para Ruanda é considerável e pode ultrapassar os 100 milhões de dólares norte-americanos.
Uma missão, liderada pelo Director de Parcerias para a Paz e a Gestão de Crises do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), Cosmin Dobran, da Roménia, visitou o Ruanda em 21 de Fevereiro para avaliar a situação.
Além dos argumentos ora listados, alguns Estados-Membros da UE consideram que o calendário deste pedido não é o mais adequado.
“Acontece apenas algumas semanas antes das eleições presidenciais no Ruanda (15 de Julho), nas quais Paul Kagame deverá ser facilmente reeleito, nas eleições europeias (6-9 de Junho) e, sobretudo, em plena guerra no leste da RDC, onde o Ruanda é acusado em relatórios da ONU de apoiar o M23 (AI, 18/06/23).
A Bélgica parece ser o Estado-membro que mais se opõe à ajuda ao exército ruandês em Moçambique. O reino recusou-se a aceitar o embaixador nomeado por Kigali, Vincent Karega. Ele é acusado de ter sido embaixador em Pretória na época do assassinato de Patrick Karegeya, um ex-líder Inteligência ruandesa em 1 de Janeiro de 2014, em Joanesburgo. A África do Sul sempre suspeitou que o Ruanda estivesse por trás deste ato.

Instabilidade político-militar em Cabo Delgado alinha na dúvida para aprovação do pedido

A estabilidade da província moçambicana de Cabo Delgado é fundamental para que as companhias petrolíferas Total Energies e os seus parceiros — incluindo vários grupos indianos — possam reanimar o GNL.
A infraestrutura, escreve o AI, é composta por dois comboios de liquefação com uma capacidade total de 13 milhões de toneladas de gás, podendo a capacidade das descobertas nos blocos 1 e 4 atingir os 60 milhões de toneladas.
Desde Abril de 2021, o GNL moçambicano encontra-se parado, ao abrigo da disposição legal de força maior, bloqueio de obras e congelamento de obrigações contratuais. Esta situação de esperar para ver é consideravelmente preocupante para a Frelimo, a poucos meses das eleições presidenciais de Outubro de 2024.
O partido, no poder desde a independência em 1975, deverá nomear o seu candidato até ao final de Abril para substituir o Presidente Filipe Nyusi, que não poderá candidatar-se à reeleição depois de cumprir dois mandatos.

Outro desembolso não é um dado adquirido

Em 2023, a UE desembolsou um primeiro cheque de 20 milhões de euros através do FEP, uma vitória para Kigali alcançada após acesos debates. Na altura, a França, juntamente com Portugal e a Itália em particular, pressionava pelo apoio ao Ruanda, enquanto vários grandes Estados, nomeadamente a Alemanha, se opunham.
Hoje, com a situação muito volátil no Leste da RDC, e apesar das múltiplas tentativas de mediação — Quénia, Angola, Qatar — não é evidente para a UE um novo desembolso ao exército ruandês.

Jornal Visão Moçambique
Author: Jornal Visão Moçambique

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