PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DO JORNALISMO MOÇAMBICANO: Mais de 250 jornalistas vão cobrir presencialmente as sessões de Julgamento do caso das “Dívidas Ocultas”

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Todas as condições estão criadas para o arranque do julgamento histórico moçambicano, na Segunda-feira, do Caso das Dívidas Não Declaradas. Informações tornadas públicas pelo Porta-voz do Tribunal Supremo, Pedro Nhatitima, depois deste visitar o Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança vulgo B.O, no município da Matola, província de Maputo, apontam que as condições estão criadas naquele local que vai acolher as audições do julgamento do processo das Dívidas não declaradas.

“É uma oportunidade para o povo moçambicano ficar a saber o que aconteceu em volta deste assunto e com base naquilo que for apurado nos autos, ao longo das audiências, será tomada a decisão. Este evento vai ser acompanhado por todos os moçambicanos, por via das nossas rádios, por via das nossas televisões, redes sociais. Vamos criar todas as condições para que todos nós”, revelou Nhatitima.

A fonte explica ser esta a ocasião para o povo ficar esclarecido sobre o que aconteceu neste caso que inicia o seu julgamento na próxima Segunda-feira. “Este é o trabalho que o Tribunal Supremo fez e faz, no sentido de garantir o acesso à informação a todo o cidadão, com as condições devidamente criadas para esse efeito”, disse.

 Ao nível da comunicação social já estão credenciados cerca de duzentos e cinquenta jornalistas nacionais, segundo avançou a Directora do Gabinete de Informação (GABINFO), Emília Moiane.

“Temos o desafio também de trabalhar com o Tribunal Supremo. Estamos a colaborar para garantir a capacidade de jornalistas que podem, principalmente fotógrafos e operadores de câmaras, poderem ter acesso à sala de julgamento dada a disposição e o espaço que existe” disse a Directora do GABINFO.

Emília Moiane acrescentou que está a se criar condições para que se tenha no local uma sala de imprensa, mesmo ao lado da do julgamento. “Isto vai nos ajudar bastante. Estamos a ver os desafios que vão aparecendo, ultrapassando alguns, mas reconhecendo que temos um número grande de jornalistas por gerir para a cobertura deste julgamento e são jornalistas nacionais até hoje, que nós temos inscritos”.

Emília Moiane não deixou de exortar a comunicação social moçambicana sobre seu papel, lembrando que os jornalistas devem ter a capacidade de perceber que é preciso formar e informar os moçambicanos com a verdade daquilo que estará a acontecer ao nível da sala de julgamento. “Acreditamos na integridade dos nossos jornalistas e acreditamos que vai correr tudo bem”, frisou.

Os 19 principais arguidos e 70 declarantes, incluindo o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, serão ouvidos a partir de Segunda-feira (23), neste que é o maior escândalo de corrupção na história de Moçambique pós Independência e do qual se quer maior transparência.

A contracção das dívidas ocultas entre 2013 e 2014 a favor das empresas Ematum, Proindicus e MAM, sem o aval do parlamento, lesou o estado moçambicano em 2 mil milhões de dólares.

No entanto, entrevistado pela emissora americana (VOA), o jurista e investigador Borges Nhamirre, que se deslocou a Nova Iorque, para acompanhar o julgamento de Jean Boustani, em conexão com este caso, que envolve cerca de 2,2 mil milhões de dólares, vaticina que nenhum dos 19 arguidos será absolvido.

Entre os arguidos figuram Ndambi Guebuza, filho do antigo presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o ex-director-geral dos Serviços de Informação e Segurança do Estado, Gregório Leão.

Para Nhamirre, os cabecilhas deste escândalo, “serão condenados e vão continuar na cadeia, porque receberam grandes somas de dinheiro; os outros também vão ser condenados, mas vão cumprir as suas penas em caso, pelo que não acredito que alguém seja absolvido”.

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