CAPA
Presidente da República em visita de trabalho a Tete apela à Paz e Unidade
Comparando o processo eleitoral a um jogo de futebol, o Presidente afirmou que, tal como num campeonato, só após o apito final – que neste contexto simboliza a contagem dos votos e a proclamação dos resultados pelas entidades competentes, como a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Conselho Constitucional – é legítimo declarar um vencedor. Criticou aqueles que se proclamam vencedores antecipadamente e incitam à violência, afirmando que tais atitudes desvirtuam o espírito democrático.

O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo efectuou uma visita de trabalho à província de Tete, com foco principal na promoção da paz, do diálogo e da reconciliação entre os moçambicanos. A sua mensagem centrou-se na necessidade de evitar a violência e o ódio, factores que comprometem a estabilidade nacional.
APELO À CONDUTA CÍVICA E PACÍFICA PÓS-ELEITORAL
Comparando o processo eleitoral a um jogo de futebol, o Presidente afirmou que, tal como num campeonato, só após o apito final – que neste contexto simboliza a contagem dos votos e a proclamação dos resultados pelas entidades competentes, como a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Conselho Constitucional – é legítimo declarar um vencedor. Criticou aqueles que se proclamam vencedores antecipadamente e incitam à violência, afirmando que tais atitudes desvirtuam o espírito democrático.
Disse o Chefe de Estado:
“Nas eleições é a mesma coisa. Temos a Comissão de Eleições e o Conselho Constitucional que são como árbitros. Só depois da contagem dos votos é que se pode anunciar quem venceu. O que vimos nas últimas eleições foi o aparecimento de pessoas a proclamarem-se vencedoras ainda de madrugada, antes mesmo de os votos começarem a ser contados. Isso é como se, antes de um jogo em Tete entre o Têxtil e o Ferroviário, uma das equipas declarasse vitória antes do início da partida. Isso não se faz!”

O Presidente reiterou que o vencedor das eleições passa a ser líder de todos os moçambicanos, inclusive daqueles que não votaram nele, sendo assim inadmissível recorrer à violência por não se aceitar os resultados.
CONDENAÇÃO DA VIOLÊNCIA E DO VANDALISMO
O Chefe de Estado condenou energicamente os actos de vandalismo registados em algumas partes do país, referindo-se especificamente à destruição de seis escolas em Matiz. Sublinhou que escolas e hospitais são bens colectivos, e que a sua destruição prejudica toda a população.
“Quem ganha eleições torna-se presidente de todos os moçambicanos. Por isso, não faz sentido destruir uma escola. A escola não vota. Ela é do povo, serve todos nós”, disse.
PROMOÇÃO DA LIBERDADE E DO PENSAMENTO DIVERGENTE
Reforçando os princípios democráticos, o Presidente recordou que Moçambique é um Estado de direito democrático, onde a liberdade de expressão e a livre circulação de pessoas são garantidas. Disse que cada cidadão tem o direito de escolher o que vestir e onde ir, sublinhando que o pensamento divergente deve ser visto como riqueza e não como ameaça.
“Moçambique é um país de liberdades. Cada um escolhe o que quer vestir, para onde quer ir, o que quer pensar. Pensar diferente é sinal de saúde democrática. Deus nos fez diferentes para pensarmos diferente. Um casal que se ama não pensa da mesma forma, mas continua a viver junto, porque sabe que precisa daquele lar.”
INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS E FOCO NO POVO
Durante o comício, o Presidente enumerou algumas medidas tomadas pelo Governo, incluindo o pagamento do 13.º salário aos funcionários públicos, o início da remuneração de horas extraordinárias nos sectores da educação e saúde, e os preparativos para o pagamento de subsídios a idosos, líderes comunitários e combatentes veteranos.
Anunciou também a criação de um fundo de desenvolvimento local, inspirado no extinto programa dos “7 milhões”, com o objectivo de apoiar jovens, mulheres e homens com ideias de negócio nos distritos.
“Vamos fazer uma governação virada para o povo. Por isso, ouvimos as vossas preocupações e levamos a mensagem. Queremos trazer mais água, energia, escolas, hospitais, medicamentos, estradas. Vamos desenvolver Tete e desenvolver Moçambique”, afirmou.
CELEBRAÇÃO DOS 50 ANOS DA INDEPENDÊNCIA E O LEGADO DAS CONQUISTAS
Referindo-se à celebração dos 50 anos da independência nacional, o Presidente destacou conquistas significativas como a expansão das instituições de ensino superior (de uma para mais de 50), o crescimento do número de médicos moçambicanos (de menos de cinco em 1975 para um número expressivo) e o aumento da taxa de alfabetização (de 3% para a maioria da população).
“Em 1975 só existia uma universidade – a Universidade de Lourenço Marques. Hoje temos mais de 50 instituições de ensino superior. Quando ficámos independentes, os médicos moçambicanos contavam-se pelos dedos de uma mão. Hoje, ninguém consegue dizer ao certo quantos são. Isso é fruto da independência”, disse.
Apesar dos avanços, reconheceu os desafios persistentes em Tete, como o acesso à água e problemas ambientais, garantindo que serão devidamente considerados na acção governativa.
A CHAMA DA UNIDADE NACIONAL E O DIÁLOGO POLÍTICO
O Presidente informou sobre o lançamento da chama da unidade nacional em Nangade, província de Cabo Delgado, que percorrerá o país até Maputo como símbolo da paz, reconciliação e coesão nacional rumo aos 50 anos de independência.
Destacou ainda que o Governo reuniu-se com todos os partidos políticos e candidatos para assinar um compromisso de promoção da paz, visando pôr fim às confusões pós-eleitorais que se registam desde 1994.
Concluiu a sua intervenção com um apelo à paz, ao perdão e ao amor ao próximo:
“Queremos combater o ódio e a violência. Vamos promover a reconciliação, para que Moçambique continue a trilhar o caminho do desenvolvimento.”
De acordo com informações apuradas durante o comício, a visita do Presidente à província de Tete prosseguirá com escalas nas localidades de Angónia e Marara. Em todas as paragens, a mensagem de paz e de união nacional continuará a ser o ponto central.