Presidente da República garante prioridade aos mais de 80% dos jovens nas reformas económicas

Maputo, Moçambique – O Presidente da República, Daniel Chapo, garantiu que o governo está focado na juventude como prioridade nas reformas económicas em curso no país. Em entrevista concedida à Rede de Comunicação Miramar, o chefe de Estado afirmou que as medidas implementadas nos primeiros 100 dias do seu mandato são o alicerce para a Independência económica de Moçambique.

Entre as medidas destacadas pelo Presidente está a criação de um Fundo de Desenvolvimento Económico Local, no qual cerca de 60% dos recursos serão destinados à juventude. Segundo Chapo, esta iniciativa visa apoiar jovens empreendedores em diversos distritos do país, facilitando o acesso a financiamento para expandirem os seus negócios e, consequentemente, gerarem mais empregos.

“A juventude moçambicana tem um papel crucial no crescimento económico. Com este fundo, queremos fortalecer os negócios dos jovens, permitindo que criem mais oportunidades de emprego para outros moçambicanos nos seus distritos”, afirmou o Presidente.

Independência económica e criação do Banco de Desenvolvimento

A conquista da Independência económica foi uma das bandeiras da campanha de Daniel Chapo, e o Presidente assegurou que o seu governo já iniciou o processo de implementação desse objectivo. Além do fundo de desenvolvimento local, Chapo anunciou a criação do Banco de Desenvolvimento de Moçambique, que terá como foco o financiamento de projectos estruturantes para o crescimento do país.

O Presidente também destacou a introdução do Gabinete de Reformas e Projectos Estratégicos na Presidência da República, uma estrutura inédita na governação moçambicana. Este gabinete terá a missão de coordenar e implementar reformas económicas essenciais para impulsionar o desenvolvimento sustentável do país.

Revisão das Portagens e alívio do custo de vida

O chefe de Estado abordou a questão das portagens, que têm gerado forte contestação popular, particularmente na cidade e província de Maputo. Chapo garantiu que o governo já iniciou negociações com as concessionárias, incluindo a empresa Revimo e outras operadoras ao nível nacional. A análise, segundo ele, não se limitará apenas à região da capital, mas será expandida a todo o país.

“Fizemos uma avaliação e percebemos que as portagens não são um problema exclusivo de Maputo, mas também afectam outras províncias, como Zambézia e Tete. Estamos a dialogar com todas as concessionárias para encontrar soluções que aliviem o custo de vida da população”, assegurou o Presidente.

Além das reformas nas portagens, Chapo reiterou que o seu governo está a trabalhar na eliminação do IVA sobre produtos de primeira necessidade, como parte dos esforços para reduzir o custo de vida no país.

Protestos e actos de vandalismo

O Presidente manifestou preocupação com o rumo das recentes manifestações populares, alertando para actos de vandalismo direccionados a infraestruturas públicas. Segundo Chapo, alguns protestos têm sido marcados por ataques a esquadras policiais, destruição de centros de saúde e escolas, e até saques em armazéns de medicamentos.

“Precisamos de estar atentos quando os manifestantes passam a atacar bens públicos essenciais para a população. A manifestação é um direito, mas não podemos permitir que isso se transforme em destruição do nosso próprio país”, declarou.

Diálogo político e inclusão

Chapo reiterou a importância do diálogo como pilar fundamental para o desenvolvimento de Moçambique, afirmando que as portas do governo estão sempre abertas para conversações com todas as forças políticas, incluindo a figura de Venâncio Mondlane, frequentemente mencionada no debate político nacional.

“Pensar diferente é essencial para o progresso. Nem mesmo irmãos gémeos pensam da mesma forma. O problema surge quando a divergência de ideias leva à violência e destruição”, frisou o Presidente.

Reforma no Governo: Extinção dos vice-Ministros

O chefe de Estado esclareceu a recente decisão de eliminar a figura de vice-ministro nos ministérios, substituindo-a por secretários de Estado. Segundo Chapo, a mudança visa reduzir despesas do Estado e aumentar a eficiência da administração pública.

“Os vice-ministros eram figuras essencialmente políticas. Com os novos secretários de Estado, estamos a criar uma estrutura mais funcional e adaptada às necessidades da governação”, explicou.

A entrevista contou com a presença de diversas figuras de destaque na comunicação social moçambicana, incluindo José Guerra (Rede de Comunicação Miramar), Helio Júnior (TVM), Abdul Nagibo (Rádio Moçambique), e Ernesto Manissa (director operacional da Miramar). No final da entrevista, José Guerra presenteou o Presidente com um livro sobre a importância da fé cristã para superar desafios.