Destaque
PRM passa por transição de liderança estratégica

A recente exoneração de Bernardino Rafael do cargo de Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) e a nomeação de Joaquim Adriano Sive para o mesmo posto, destacam uma dinâmica de poder complexa dentro da instituição policial. Para compreender como Bernardino Rafael permaneceu numa posição onde parecia carecer de apoio, é crucial analisar o histórico e as trajectórias de Joaquim Sive e Paulo Chachine, que agora ocupam posições de destaque na hierarquia da PRM.
Joaquim Adriano Sive tem uma carreira marcada por posições de liderança em várias províncias. Serviu como Comandante Provincial da PRM em Cabo Delgado e Nampula, demonstrando capacidade de gestão em contextos desafiadores. Mais recentemente, ocupou o cargo de Comandante Provincial da PRM em Sofala. No entanto, durante o seu mandato em Nampula, Sive enfrentou críticas após uma tragédia que resultou na morte de pelo menos 10 pessoas à saída de um comício da Frelimo no Estádio 25 de Junho, o que levou à sua suspensão.
Paulo Chachine ocupou o cargo de Primeiro Adjunto do Comissário da Polícia e comandante do ramo da polícia da PRM. Demonstrou preocupação com a actuação dos membros da polícia, especialmente em relação ao cumprimento dos princípios de igualdade e tratamento justo dos cidadãos. A sua postura crítica e foco na ética profissional destacaram-no como uma figura comprometida com a reforma institucional.
Por outro lado, Bernardino Rafael, nomeado Comandante-Geral da PRM em Outubro de 2017, enfrentou desafios significativos durante o seu mandato. Reconheceu publicamente o envolvimento de membros da corporação em actos criminais, incluindo raptos e assaltos à mão armada. Além disso, a PRM foi criticada por sua actuação durante as manifestações pós-eleitorais, onde a resposta policial resultou em numerosas vítimas civis. Esses factores podem ter contribuído para a percepção de isolamento de Rafael dentro da instituição.
A ascensão de Joaquim Sive e Paulo Chachine a posições cimeiras na PRM reflecte uma possível tentativa de renovação e resposta às críticas enfrentadas pela corporação. A experiência operacional de Sive, aliada ao compromisso ético de Chachine, sugere uma estratégia de liderança focada em restaurar a confiança pública e melhorar a eficácia policial. A permanência de Bernardino Rafael numa posição onde aparentava falta de apoio pode ser atribuída a desafios enfrentados durante o seu mandato, que minaram a sua autoridade e apoio dentro da PRM.