No decorrer de um único dia, os moçambicanos testemunharam as candidaturas de Ivone Soares, Alfredo Magumisse e Elias Dhlakama para a liderança da RENAMO. Entretanto, o actual líder do partido, Ossufo Momade, expressa o desejo de permanecer no cargo.
O congresso da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que acontecerá na próxima semana na Zambézia, promete ser decisivo: surgiram candidaturas de peso que desafiam a liderança actual de Ossufo Momade.
Alfredo Magumisse, membro da Comissão Política, e Elias Dhlakama, irmão do falecido líder do partido, Afonso Dhlakama, formalizaram suas candidaturas hoje. Ivone Soares, sobrinha do líder histórico, também está na disputa, juntamente com Venâncio Mondlane, que entrou em conflito aberto com a liderança actual da RENAMO.
Alguns membros expressam preocupação com a descredibilização do partido, temendo que a “avalanche de candidaturas” possa resultar em desentendimentos. Em entrevista à DW, Lázaro Mabunda, editor do boletim CIP Eleições, observa que o surgimento de vários candidatos à presidência do maior partido de oposição em Moçambique evidencia a falta de apoio total a Momade.
Na visão do jornalista especializado em processos eleitorais, Ivone Soares, Elias Dhlakama e Venâncio Mondlane seriam bons candidatos para enfrentar o escolhido pelo partido no poder, Daniel Chapo.
DW África: Mais nomes aderiram hoje à corrida pela sucessão de Ossufo Momade na presidência da RENAMO. Isso pode gerar desentendimentos dentro do maior partido de oposição? Ou é um sinal de democracia interna no partido da perdiz?
Lázaro Mabunda (LM): O aumento de candidaturas não necessariamente indica democracia interna. No entanto, revela desacordo em relação a Ossufo Momade, actual líder do partido e potencial candidato presidencial da RENAMO. Isso reflete a percepção de que Momade não pode competir com o candidato da FRELIMO. Essa proliferação de candidaturas sugere que os membros da RENAMO reconhecem essa lacuna e percebem que Momade não é o candidato ideal para o partido.
DW África: Qual dos candidatos mencionados estaria mais bem posicionado para enfrentar o candidato relativamente novo da FRELIMO, Daniel Chapo?
LM: Provavelmente Venâncio Mondlane, se não tivesse enfrentado problemas com a liderança da RENAMO. No entanto, ao levar o partido a tribunal, criou um ambiente negativo dentro da RENAMO. Isso levou alguns a suspeitarem de suas intenções e questionarem sua lealdade ao partido. Outros candidatos, como Ivone Soares, têm um forte potencial político e experiência na RENAMO desde jovem. Elias Dhlakama, apesar de ter menos peso político, possui a influência do nome e bandeira de Dhlakama, o que o coloca em uma posição favorável.
DW África: Ossufo Momade escolheu 350 delegados para o congresso da RENAMO, com a maioria vindo de Nampula e Zambézia. Isso beneficia algum dos candidatos?
LM: Isso claramente favorece Ossufo Momade, que é de Nampula. Ao reduzir o número de delegados de outras regiões, como Sofala, Manica e Tete, ele está inclinando o jogo a seu favor.
DW África: E quanto a Ossufo Momade? Qual seria a saída para ele nesse impasse sem perder a face? Seria humilhante para ele se candidatar diante de tantos concorrentes de peso? Seria uma humilhação se ele perdesse a liderança dessa forma?
LM: Certamente seria uma humilhação, e poderia aumentar as divisões internas na RENAMO.
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