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Risco de guerra global aumenta com crises geopolíticas

O risco de guerra global ganhou novos contornos nesta semana, à medida que as tensões geopolíticas se intensificaram com desenvolvimentos críticos na guerra na Ucrânia e a crescente ameaça de um conflito no Indo-Pacífico envolvendo China e Estados Unidos. Especialistas e analistas internacionais debatem o quão próximo o mundo está de uma escalada militar em larga escala e quais seriam as consequências económicas, diplomáticas e estratégicas para o equilíbrio global — com impactos directos, inclusive, para o Brasil.
Guerra na Ucrânia: Exigências russas e o ataque ousado de Kiev
A Rússia manteve a sua lista de exigências para aceitar um cessar-fogo. Ao mesmo tempo, a Ucrânia realizou um ataque considerado o maior em solo russo desde Julho de 1941. O ataque destruiu bombardeiros e equipamento militar em território russo, incluindo a longínqua Sibéria. As perdas somam cerca de 7 mil milhões de dólares.
Segundo fontes ucranianas, a operação foi conduzida pelos serviços secretos (SBU), sob liderança de Budanov. A capacidade da Ucrânia de atingir alvos a 4.000 ou 5.000 km da fronteira é vista como prova de alcance estratégico.
Entretanto, o Kremlin insiste em exigências que incluem o reconhecimento da Crimeia, Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson como parte da Rússia. Moscovo também quer a retirada de tropas ucranianas dessas regiões, o fim do apoio militar da OTAN e eleições directas na Ucrânia. Estas exigências contrariam os interesses ucranianos e europeus.
Putin é acusado de tentar ganhar tempo. O objectivo seria consolidar o domínio militar em Zaporizhzhia e Donetsk. Só a Crimeia e Luhansk estão, até agora, 100% sob controlo russo. Observadores alertam que quanto maior a ocupação, menor será o espaço para negociações. A retórica agressiva, tanto da Rússia como do Ocidente, intensifica a tensão.
Crise em Taiwan: Cresce o risco de conflito entre China e EUA
No Indo-Pacífico, a possibilidade de uma guerra entre Estados Unidos e China preocupa os líderes mundiais. O Secretário de Defesa dos EUA declarou, em Singapura, que uma invasão de Taiwan por parte da China teria “consequências devastadoras” para o mundo inteiro.
A inteligência norte-americana considera o risco “real e iminente”. Embora a China não participe de guerras no exterior desde a década de 1970, tem reforçado o seu poder militar. Prevê-se que Pequim esteja a preparar-se para invadir Taiwan até 2027. O país investe fortemente no desenvolvimento de armas nucleares e tecnologias militares avançadas.
Taiwan é vital para a economia mundial. A ilha produz cerca de 50% dos semicondutores globais e mais de 90% dos chips de alta tecnologia. Um conflito militar naquela região causaria uma crise global sem precedentes. O Brasil também sentiria impactos, sobretudo na sua economia industrial e tecnológica.
Embora haja uma forte dependência económica entre os dois países, os EUA continuam a considerar a China como seu maior adversário estratégico. A posse de títulos do Tesouro norte-americano por parte da China é um dos factores que ainda ajuda a travar uma guerra directa.
O mundo à beira de uma nova guerra mundial?
Diante dos conflitos em duas frentes — Ucrânia e Taiwan —, cresce o debate sobre uma possível Terceira Guerra Mundial. Muitos dos elementos que precederam ambas as guerras anteriores estão presentes: alianças militares, escalada armamentista e discursos radicais.
A União Europeia aprovou recentemente um investimento de 300 mil milhões de euros em defesa. A medida visa preparar o continente para possíveis cenários de conflito e compensar uma eventual saída dos Estados Unidos da OTAN.
Alguns analistas defendem que já vivemos uma “Terceira Guerra Mundial fria”. Outros ainda acreditam que as instituições multilaterais, como a ONU e o G20, ainda desempenham um papel relevante na mediação de crises.
O impacto no Brasil: Fragilidades e riscos estratégicos
O Brasil, apesar de sua posição geopolítica distante, não está livre das repercussões. Um conflito em Taiwan prejudicaria directamente a sua indústria. Além disso, a falta de investimento em defesa deixa fronteiras desprotegidas, especialmente na região amazónica e nas divisas com países instáveis, como a Venezuela.
Especialistas alertam para a urgência em fortalecer a produção de armamentos nacionais. O país precisa proteger os seus interesses marítimos, as suas riquezas minerais e a sua soberania.
Enquanto isso, os discursos belicistas dominam a cena internacional. Contudo, a diplomacia e os laços económicos complexos entre grandes potências ainda funcionam como freios à escalada total. Mesmo assim, o cenário actual inspira uma vigilância constante.
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