Matola, Moçambique — Sexta-feira, 4 de Julho de 2025 — Quatro homens foram abatidos a tiros, na manhã desta sexta-feira, em circunstâncias ainda por esclarecer, no município da Matola. O incidente, registado por volta das 8h30, volta a mergulhar a cidade num clima de tensão, medo e incerteza, reforçando a inquietação da população perante a crescente onda de violência armada em plena via pública.
Cenário de violência repetida
Segundo reporta a TV Sucesso, com estas quatro mortes, sobe para sete o número de pessoas assassinadas em menos de 30 dias na Matola em condições similares. Só nas últimas 72 horas, seis pessoas foram mortas, incluindo dois agentes das forças de defesa e segurança — um do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e outro da Polícia de Protecção — executados com cerca de 54 tiros no bairro da Manduca, Infulene.
Testemunhos colhidos no local pela TV Sucesso, indicam que o incidente desta manhã pode ter resultado de uma perseguição entre duas viaturas, culminando com os quatro indivíduos baleados. A TV Sucesso, avança que dos quatro, três corpos foram encontrados nas imediações de um veículo ligeiro, crivados de balas. Um quarto corpo foi localizado a poucos metros do local principal do crime, possivelmente abatido durante a tentativa de fuga.
Investigação e silêncio das autoridades
“No local, encontram-se equipas do SERNIC e da Polícia da República de Moçambique (PRM), realizando os trabalhos de perícia e remoção dos corpos. Apesar da gravidade do cenário, as autoridades ainda não prestaram declarações oficiais, limitando-se a afirmar que a investigação está em curso” — aponta aquela emissora televisiva nacional.
Populares, entrevistados pela emissora televisiva, relataram momentos de pânico durante os disparos. “Foi tudo muito rápido, parecia uma guerra. Só depois percebemos que havia gente morta”, contou um residente. Os agentes no terreno impediram o acesso da imprensa a determinadas áreas, alegando que o local estava sob perícia.
Mistério e especulações
Até o momento, não foi esclarecido se os quatro homens mortos são civis, suspeitos de actividade criminosa ou integrantes das forças de segurança. Também não se sabe se são cidadãos nacionais ou estrangeiros. Pertences foram retirados da viatura abatida, incluindo um terminal de pagamento automático (TAW), o que levanta ainda mais dúvidas sobre a identidade e as actividades das vítimas.
Clima de medo e apelo à transparência
O episódio volta a levantar sérias preocupações na sociedade moçambicana sobre a falta de esclarecimentos públicos em torno de assassinatos com armas de fogo, ocorridos à luz do dia, em áreas urbanas densamente povoadas. A população da Matola sente-se insegura e abandonada, enquanto os casos se acumulam sem respostas claras por parte das autoridades.
O silêncio institucional, incluindo por parte do Ministério do Interior, agrava o sentimento de desconfiança. Em casos anteriores, o próprio ministro afirmou não ter conhecimento imediato de incidentes semelhantes, o que reforça o clamor público por maior coordenação, transparência e responsabilização.
O ambiente na Matola permanece tenso. Três corpos continuavam no local ao final da manhã, sob vigilância policial, enquanto populares acompanhavam os trabalhos à distância. A imprensa promete continuar a acompanhar o caso de perto, dando voz aos cidadãos e exigindo informações que permitam compreender o que está por trás desta escalada de violência mortal.