O Dia Internacional da Mulher rural que celebra se a 15 de outubro, e foi instituída pelas nações Unidas em reconhecimento do papel Crítico e a contribuição das mulheres rurais, incluindo as mulheres indígenas, nos processos de melhoria do desenvolvimento agrícola e rural, segurança alimentar, e a erradicação da Pobreza, e nesta vertente que a cidade de Maputo acolhe as celebrações de 14 a 15 de outubro. para reflectir sobre os desafios que a mulher rural indígena tem passado na sociedade a avança a Comissária da União Africana Josefa Josefa Sacko.
“A mulher sofre bastante neste sistema de agricultura tradicional e nós queremos inovação, para que ela tenha acesso à tecnologia. Existe este programa da mecanização da agricultura da mulher rural e já estamos a trabalhar nele em parceria com a FAO e o Banco Africano de Desenvolvimento”, disse.
Entretanto, neste momento de crise devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a União Africana mobilizou fundos com o Banco Africano de Desenvolvimento no sentido de apoiar a produção de cereais. “E este programa de emergência para a produção de milho, trigo, soja e cereais é um programa inclusivo. Então, as mulheres das zonas rurais irão beneficiar de um bilhão de dólares, que foi dado pelo banco africano de Desenvolvimento”, avançou Josefa Sakco.
Segundo a Rainha do Gana, Mami Mizutori, conta que no seu país os índices de pobreza tendem a crescer, num contexto em que a mulher não tem posse de terra, e esta é obrigada a alugar um pedaço de terra para produzir alimentos para si e para a família.
“A pobreza aumentou porque as mulheres não têm terras ou têm terras através de alguém, assim como aluga a terra de um homem, pode ser seu tio, irmão ou marido. E trabalha nesta terra, mas quando saem os resultados as coisas mudam, o proprietário da terra tem mais poder. Como querem que possamos progredir como mulheres assim, sem o poder decisão sobre a produção nas terras que não nos pertencem”, disse a líder.
A Rainha foi mais além destacando que nas zonas rurais a vida não melhora porque não há bons hospitais. “Quando as mulheres estão gravidas, quando estão para nascer são transportadas em motas e bicicletas, algumas dão parto em casa, que não é seguro”, disse a mesma. Acrescentando ainda que, outro problema está ligado a comercialização dos produtos produzidos pelas mulheres rurais, onde os preços não são justos. “As pessoas que vem das cidades determinam os preços e tudo, não temos opções porque se deixar irá apodrecer”.
A mesma defende a necessidade da igualdade de oportunidades de crescimento, onde as mulheres devem também ter direito a terra. “Nós estamos a dizer, precisamos de mais acção, mais igualdade em 50/50 e não 30/70. A mulher deve ter o mesmo direito de adquirir a sua própria terra, registar no seu nome para poderem trabalhar nela. Queremos que as mulheres tenham oportunidade. Em Gana temos a casa Nacional de chefe, que as mulheres não fazem parte dessa casa, porque tem que ser assim. O futuro da áfrica e do mundo está com as mulheres e queremos a igualdade de género”, disse a rainha.
Por seu turno, o Rei do Congo, Mfumu Difama Ntinu defendeu a necessidade de se respeitar os direitos das mulheres, e que as mesmas devem tomar o seu lugar na sociedade sem que sejam combatidas. O mesmo afirma que na africa a terra sempre pertenceu as mulheres.
“Em cada Rei tem uma Rainha. E a Rainha é que está nas decisões mesmo da distribuição de terras. E é a única coisa que nós queremos da mulher africana, que ela volte a tradição africana”, disse o Rei do Congo.
Mfumu Difama Ntinu defende que é o momento dos governos e líderes dos países africanos comecem a se preparar para o futuro, e que o futuro são as mulheres. “O futuro é deixar a mulher no seu lugar. É por isso que eu falo da mulher como base. Tomem o vosso lugar mulheres, tomem o futuro de áfrica, e ensinem os novos desde o ventre para terem uma melhor juventude. E quando chegar juventude, essas questões não teremos mais aqui”, disse.
Importa destacar que os sistemas alimentares globais dependem do trabalho diário das mulheres rurais. Elas desempenham uma variedade de papéis essenciais, desde o cultivo e processamento da sua colheita, até a preparação de alimentos e distribuição de seus produtos, garantindo que as suas famílias e comunidades sejam nutridas. No entanto, paradoxalmente, essas mesmas mulheres geralmente têm menos acesso a alimentos e correm maior risco de fome, desnutrição, subnutrição e insegurança alimentar.
Em África, as mulheres são um pilar fundamental nos sistemas alimentares e agrícolas do continente, compreendendo pelo menos 50% da força de trabalho agrícola e possuindo um terço das PMEs que produzem, processam e comercializam produtos e serviços agrícolas, embora sofram persistentes desigualdades de género , como menor acesso à terra, crédito, insumos agrícolas, mercados e cadeias agroalimentares de alto valor e obter preços mais baixos para suas colheitas restringindo a produtividade das mulheres, segurança alimentar e contribuição nutricional.
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