Comissão multissetorial actua sem prazo definido enquanto população continua exposta
O Governo de Moçambique anunciou esta terça-feira (30), em Maputo, a criação de medidas emergenciais para garantir o acesso à água potável nas comunidades afectadas pela poluição resultante da mineração na província de Manica.
A decisão surge após denúncias de níveis alarmantes de contaminação em rios e fontes de consumo, situação associada à exploração mineira, em especial a realizada de forma ilegal, com recurso a maquinaria pesada. Segundo o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, o impacto ambiental já se encontra “dez vezes acima do normal”, um cenário que coloca em risco directo a saúde pública.
Impissa revelou que foi criada uma comissão multissetorial a nível provincial para monitorar e tentar controlar os efeitos da poluição. No entanto, não existe até ao momento um prazo definido para a implementação de soluções definitivas, facto que levanta dúvidas sobre a eficácia da resposta governamental.
“Sempre houve mineração em Manica, mas a situação agravou-se devido ao uso de máquinas pesadas, que movimentam enormes quantidades de sedimentos, provocando uma poluição sem precedentes”, disse Impissa, admitindo que o desafio ultrapassa a capacidade local de fiscalização.
Enquanto isso, milhares de famílias continuam a depender de fontes de água consideradas impróprias para o consumo. Especialistas e organizações ambientais têm alertado que a ausência de medidas rápidas e concretas pode agravar o cenário, resultando em crises sanitárias e deslocações forçadas de comunidades.
A actuação da comissão criada pelo governo será decisiva, mas a falta de metas temporais claras e de uma estratégia de responsabilização para travar a mineração ilegal levanta interrogações sobre a real capacidade do executivo em estancar um problema que cresce há anos sem solução.