Digitalização de dados agro florestais gera receitas para Estado New

Apreensão de contentores de madeira no Porto da Beira expôs fragilidades do sistema, mas acelerou modernização, combate ao contrabando e aposta na economia verde.

A intercepção de 111 contentores de madeira no Porto da Beira, capital provincial de Sofala centro do País, pertencentes à empresa SAFI Timber com destino à China, marcou um ponto de viragem no sector agroflorestal moçambicano.

A operação, conduzida pela Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (DNFFB), evitou que o Estado perdesse cerca de 15 milhões de meticais, valor correspondente a licenciamento, taxas de exportação, operações logísticas e fiscais.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Visão Moçambique, o director nacional de florestas e fauna bravia no Ministério da Agricultura Ambiente e Pesca Imede Falume, explicou que a apreensão, além de evitar perdas imediatas, revelou riscos de contrabando e irregularidades documentais, incluindo a presença da espécie Nkula, listada na Convenção CITES e cuja exploração não é permitida.

“O impacto vai além da perda imediata. Está em causa a imagem internacional do país e a sustentabilidade das nossas florestas”, destacou Falume.

As investigações podem resultar em multas significativas à empresa envolvida, bem como na recuperação de receitas fiscais não declaradas.

Reformas Estruturais: Da Fiscalização ao Processamento Local

O caso expôs fragilidades históricas, mas também acelerou reformas já em curso no sector. O Governo prepara o Programa de Economia Florestal, alinhado à Estratégia Nacional de Financiamento 2025–2035, que pretende transformar a exploração de madeira em motor da economia verde.

As metas incluem 2025–2026: revisão da legislação, reforço da fiscalização e melhoria dos planos de maneio;2027–2030: redução de 60% da exportação de madeira serrada e consolidação de indústrias locais de móveis e derivados;Investimento previsto: até USD 5 mil milhões, destinados a parques industriais e cadeias de valor sustentáveis.

“Queremos que Moçambique deixe de ser mero exportador de troncos e passe a exportar produtos com valor agregado”, enfatizou o Director-Geral.

Dados do Sector e Desafios Persistentes apesar das perspetivas, o sector ainda enfrenta números preocupantes e Contribuição ao PIB é menos de 4%; Empregos directos, 22 mil; Quota de exploração 2025: 485.936 m³; Operadores formais em queda: 621 em 2021 → 406 em 2024; Desmatamento anual: 267 mil hectares.

Estas estatísticas reforçam a necessidade de governança eficaz e combate à corrupção, sob pena de o país enfrentar sanções internacionais e perda de credibilidade.

Para director geral já a viragem na digitalização do Sistema de Informação Florestal um dos pilares da transformação é o Sistema de Informação Florestal (SIF), ferramenta que digitaliza e automatiza o controlo da exploração com objectivos claras Licenciamento e quotas em tempo real; Fiscalização digital com geo-referenciamento; Transparência no registo de operadores.Redução do espaço para práticas corruptas.

O SIF, integrado à Lei Florestal 17/2023, já está a gerar impacto positivo, com aumento das receitas fiscais e maior confiança nos processos de controlo.

A apreensão dos 111 contentores não foi apenas um alerta: abriu caminho a uma agenda de transformação profunda do sector agroflorestal. Entre fiscalização, digitalização e industrialização, Moçambique procura transformar os seus recursos em riqueza sustentável.

“Este sector tem potencial para gerar milhares de empregos e tornar-se pilar da economia verde, desde que haja governança eficaz e combate firme à corrupção”, concluiu Imede Falume.

Com reformas em marcha e a digitalização como motor, o país inicia uma fase em que a exploração florestal pode deixar de ser sinónimo de contrabando e perda de receitas para se tornar uma alavanca estratégica do desenvolvimento nacional.

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