Primeiro africano negro a integrar a lista da Forbes, Motsepe construiu um império que transcende o sector mineiro e influenciou decisivamente a economia e o desporto no continente
Na constelação de bilionários africanos, poucos nomes brilham com tanta intensidade e simbolismo como o de Patrice Motsepe, magnata sul-africano, fundador e presidente da African Rainbow Minerals (ARM), cuja ascensão económica tornou-se um ícone de sucesso empresarial no pós-apartheid. Tornou-se, em 2008, o primeiro africano negro a figurar na prestigiada lista de bilionários da Forbes, facto que não apenas coroou a sua fortuna, mas simbolizou a emergência de uma nova elite africana construída sobre competência, visão e independência financeira.
Com formação jurídica, Motsepe começou a sua carreira como advogado, tornando-se, em 1994, o primeiro sócio negro do escritório de advocacia Bowman Gilfillan, em Joanesburgo. Mas foi no sector mineiro que encontrou o trampolim para o seu império. Em 1997, aproveitando um contexto de reestruturação económica na África do Sul, adquiriu poços de minas de ouro de baixa produção — activos então negligenciados — e transformou-os em unidades lucrativas, alicerçando as bases da African Rainbow Minerals, hoje uma das maiores empresas do sector mineiro no continente, com operações em platina, ferro, carvão e ouro.
Visionário, Motsepe não se restringiu ao sector extractivo. Em 2016, fundou a African Rainbow Capital (ARC), uma empresa de private equity com foco em investimentos africanos em sectores estratégicos como telecomunicações, serviços financeiros, agricultura e infraestrutura. A ARC representa uma aposta clara na diversificação económica e na construção de um tecido empresarial africano forte e resiliente. Através desta empresa, o magnata detém participação relevante na Sanlam, uma das maiores instituições financeiras listadas da África do Sul.
O ecossistema de investimentos do bilionário é tão multifacetado quanto o seu perfil público. Motsepe é também presidente e proprietário do Mamelodi Sundowns Football Club, um dos clubes mais prestigiados da África do Sul, com forte presença nas competições continentais. A sua ligação ao futebol intensificou-se ainda mais em março de 2021, quando foi eleito presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), a principal entidade reguladora do desporto-rei em África. Com isso, passou a exercer uma das funções mais influentes no desporto continental, promovendo reformas institucionais e defendendo uma maior integração comercial e administrativa no futebol africano.
A trajectória de Patrice Motsepe ilustra o potencial transformador do empreendedorismo africano e a importância de estratégias de investimento ancoradas no contexto local. Mais do que acumular riqueza, Motsepe simboliza a possibilidade de construir poder económico africano a partir do próprio continente, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a valorização das competências internas.
Com uma fortuna estimada em mais de 2 mil milhões de dólares, o bilionário continua a expandir a sua presença em sectores-chave da economia, mantendo uma postura filantrópica notável. É fundador da Motsepe Foundation, instituição dedicada à inclusão social, educação, empreendedorismo jovem e saúde, um reflexo do seu compromisso com o futuro do continente africano.
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