Os moradores do Bairro do Fomento, no Quarteirão 17, continuam a viver sob o risco de inundações, doenças e degradação ambiental, devido à falta de valas de drenagem, à acumulação de lixo e às deficiências no saneamento básico, problemas que persistem há mais de duas décadas sem uma solução definitiva por parte das autoridades locais.
A situação tende a agravar-se com a chegada da época chuvosa, quando as águas das chuvas, sem escoamento adequado, invadem residências e quintais, provocando prejuízos materiais e ameaçando a saúde das famílias.
“A água entra nas casas e destrói tudo”
Marciana Cumbe, residente no bairro desde o ano 2000, conta que o problema é antigo e tem afectado centenas de famílias.
“A vala começa na Rua Dona Ana, passa pela Rua 25 de Setembro e vai até à Mutateia. Quando chove, a água entra nas casas e estraga tudo. Já ouvimos promessas de arranjo, mas até hoje nada foi feito”, lamentou a moradora.
Segundo Marciana, há anos que a comunidade vive cercada por água estagnada e lama, uma realidade que aumenta o risco de doenças e deixa as famílias em permanente vulnerabilidade.
Lixo acumulado e risco à saúde
Outro morador, identificado por Alberto, destacou que a falta de recolha regular de lixo transformou o bairro num foco de insalubridade.
“Há anos que o camião do município não passa aqui. Somos obrigados a queimar ou enterrar o lixo, e isso traz doenças. Quando chove, o lixo espalha-se e o cheiro torna-se insuportável”, denunciou.
O morador apelou à intervenção urgente das autoridades competentes, com destaque para a remoção sistemática dos resíduos e a limpeza das valas, de modo a permitir o escoamento normal das águas pluviais.
Jovens desempregados e erosão agravam a crise
O chefe do Quarteirão 17, Paulo Cumbane, reconhece que o bairro enfrenta múltiplos desafios.
“Temos muitos jovens sem emprego, apesar de haver empresas aqui perto. Além disso, a erosão tem destruído as nossas vias de acesso. A água vem do Quarteirão 15 e corta a estrada toda. As valas estão bloqueadas há mais de seis meses”, explicou.
Cumbane contou ainda que há uma idosa que vive há dez anos sem acesso normal à sua casa, porque uma vala aberta pela força das águas passa junto à sua porta.
“Pedimos que o município honre os compromissos e traga máquinas para cavar valas de drenagem antes que as chuvas causem mais estragos”, apelou o chefe do quarteirão.
Município instado a agir
A situação no Bairro do Fomento reflecte o cenário vivido por diversas comunidades urbanas e periurbanas do país, onde a gestão de resíduos sólidos e o saneamento básico permanecem como desafios estruturais.
Os moradores esperam que as autoridades competentes tomem medidas urgentes e implementem obras de drenagem e limpeza antes que a época das chuvas agrave as condições de vida da população.
Enquanto aguardam pela intervenção, as famílias do Fomento seguem a sua luta diária por soluções, tentando proteger as suas casas e a sua dignidade contra o avanço da água, da lama e do esquecimento.