Cresce a tensão dentro da RENAMO, depois de o porta-voz nacional dos desmobilizados, João Machava, ter classificado o presidente do partido, Ossufo Momade, como “um derrotado” e “um líder fracassado”. As declarações surgem em reacção à remoção de vários membros da Assembleia Provincial da Matola, alegadamente sem motivo justificável.
Segundo Machava, a decisão de Momade representa “um acto de traição política e moral” contra os combatentes e quadros que sempre sustentaram o partido.
“Mesmo depois de perder as eleições, Ossufo Momade continua a usufruir das regalias do partido, enquanto elimina os seus próprios membros sem razão. E, como se não bastasse, envia pessoas para intimidar e até matar”, afirmou o porta-voz, num tom de revolta.
As declarações foram proferidas nesta terça-feira, num contexto de crescente divisão interna, suspeitas e acusações mútuas de perseguição política dentro da RENAMO.
Machava revelou ainda que uma carta foi enviada ao Conselho Nacional Alargado dos Desmobilizados e a outros quadros seniores, na tentativa de resolver o conflito, mas até ao momento não houve qualquer resposta oficial.
“Se não formos convidados a participar no encontro final em Nampula, recorreremos a meios próprios para acabar com esta confusão”, advertiu.
O porta-voz denunciou também alegados esquemas de suborno e manipulação, acusando dirigentes locais de receberem dinheiro para comprar aliados e influenciar decisões no seio do partido.
“Há fundos a circular para comprar consciências. Quem decidir proteger Ossufo Momade, cairá com ele”, concluiu.
As palavras de João Machava surgem num período sensível para a RENAMO, que enfrenta uma das maiores crises de liderança desde a morte de Afonso Dhlakama, reacendendo debates sobre unidade e o futuro político do partido.
Até ao fecho desta edição, a direcção da RENAMO não se tinha pronunciado oficialmente sobre as acusações.