Associação propõe criação de Pelouro da Logística e adesão mais flexível de novas associações empresariais
Maputo, 7 de Maio de 2025 — A Associação Moçambicana dos Operadores de Logística e Procurement (AMOL) apresentou o seu posicionamento institucional sobre as Eleições da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), marcadas para o próximo dia 15 de Maio.
Num comunicado divulgado a 2 de Maio, a associação refere que, mais do que nomes ou individualidades, a sua atenção recai sobre a agenda e os compromissos que os candidatos propõem ao sector privado moçambicano.
“Queremos ver uma CTA forte, coerente, com presença territorial e com mecanismos reais de concertação entre o Estado e o sector empresarial. A liderança que se segue deve priorizar a inclusão, a reforma do diálogo público-privado e a reestruturação dos conselhos provinciais”, afirmou o Presidente da AMOL, Celso Daniel Cuambe, em contacto com a nossa redacção.
Para a AMOL, os sectores da logística e procurement representam pilares estratégicos da economia nacional, com impacto directo na competitividade e integração regional. Por isso, defende que o novo ciclo da CTA deve ser orientado para a reorganização do ecossistema empresarial, com foco em políticas públicas mais abertas à participação dos empresários.
“No interior do país, há conselhos empresariais sem qualquer apoio técnico ou ligação ao centro. Precisamos de uma CTA que vá além da cidade de Maputo. As províncias existem. O país não pode continuar a viver de uma capital económica apenas”, disse Cuambe.
A associação propõe ainda que sejam activados com maior eficácia os instrumentos internos da CTA, nomeadamente os Pelouros, o Conselho Empresarial Nacional (CEN), os Conselhos Empresariais Provinciais (CEPs), os Centros de Desenvolvimento Empresarial (CEDs), os Grupos de Trabalho e a Matriz de Reformas. Tais instrumentos, segundo a AMOL, carecem de maior participação, transparência e periodicidade.
“Se os Pelouros funcionassem devidamente, hoje teríamos consensos sobre vários problemas transversais. Temos áreas como logística, ambiente de negócios e financiamento que precisam de espaços próprios de discussão técnica e estratégica”, frisou o dirigente.
Embora ainda não integre formalmente a CTA, a AMOL propõe a criação de um Pelouro ou Sub-Pelouro de Logística, como forma de conferir representatividade estratégica aos operadores logísticos.
“O nosso sector é muitas vezes penalizado por políticas mal desenhadas, concorrência desleal e ausência de mecanismos transparentes nos concursos públicos. A logística não pode continuar a ser um apêndice dos transportes”, sustentou o Presidente da AMOL.
No mesmo documento, a associação defende uma reforma no processo de filiação à CTA. Considera que as associações jovens, informais ou emergentes enfrentam entraves administrativos e financeiros para aderirem à confederação, o que enfraquece a representatividade da plataforma.
“Precisamos de uma CTA aberta a todos. O associativismo é um processo dinâmico. As federações e associações não devem ser vistas como rivais, mas sim como forças complementares num ecossistema robusto e articulado”, observou Cuambe.
A AMOL insiste igualmente na integração do sector informal, sublinhando que este representa a maior força produtiva do país e deve ser alvo de políticas específicas para a sua formalização gradual e dignificada.
“É inadmissível que a economia informal continue a ser tratada como um estorvo. Sem ela, Moçambique não respira. É preciso trazer estes actores para o centro da política económica nacional”, acrescentou.
A associação recomenda à próxima liderança da CTA a adopção de um plano estratégico nacional, com indicadores mensuráveis, metas para o empoderamento dos conselhos provinciais e atenção específica às Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), juventude empreendedora e mulheres empresárias.
“Se há lição que o sector privado deve aprender, é que sem organização, não há transformação. A CTA deve representar todos, e não apenas um grupo”, concluiu Cuambe.
Sobre o Presidente da AMOL
Celso Daniel Cuambe é gestor empresarial, com formação em Economia e Direitos Humanos, e possui experiência consolidada no Diálogo Público-Privado. É ex-vice-presidente da Federação das Associações dos Empresários para o Sector de Agro-Negócio, ex-membro do Pelouro das TICs, e desempenha actualmente funções de assessor técnico de associações empresariais nacionais e internacionais. Já colaborou com o Ministério da Indústria e Comércio, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e diversas câmaras de comércio.