Maputo acolhe a 8ª Conferência Internacional da Sociedade de Cirurgiões de Fístula Obstetrícia (ISOFS)
Ē o primeiro mega evento realizado num país Lusófono e na África Austral.
A cidade de Maputo acolheu na semana finda ,de 31 de Outubro a 4 de Novembro a 8ª Conferência da Sociedade Internacional de Cirurgiões de FístulaObstétrica (ISOFS).
A reunião decorre de dois em dois anos, em diferentes países, com o objectivo de promover os mais altos padrões para o tratamento da fístula obstétrica para mulheres, de maneira segura, eficaz e ética, incentivando a colaboração entre profissionais de saúde e entre países e regiões.
O evento, juntou cerca de 185 participantes dos quais 75 porcento são cirurgiões, médicos e técnicos de saúde, sendo 100 delegados representando 32 países, 30 delegados de todas as províncias do país, incluindo a participação de representantes do governo, da sociedade civil, parceiros de cooperação, sobreviventes da fístula.
Durante a conferência, foram partilhados os mais recentes estudos científicos, experiências, inovações, programas relacionados com prevenção, tratamento, reabilitação, reintegração, parcerias, estratégias na área da fístula
obstétrica/traumática, saúde materna, procedimentos e protocolos, cirúrgicos tendo, em vista os esforços conjuntos para a eliminação da fístula obstétrica até 2030.
“O problema da fístula obstétrica em Moçambique, é muito grave” –confessa o Dr. Igor Vaz, Urologista e Cirurgião especializado no tratamento da Fistula Obstétrica
“A anteceder a megaconferência, operamos cinco doentes de Fistula. A mais complexa, foi a cirurgia designada Fístula congénita, um caso muito complexo. Trata-se de uma rapariga que nasceu sem vagina, sem bexiga e sem uretra. Já foi operada uma vez, quando ela tinha cinco anos de idade e agora estamos a reconstruir a bexiga, o sistema de continência e a Vagina”- confirmou o cirurgião Igor Vaz.
Os membros convidados a conferência, assistiram ao vivo, todas às cirurgias de Fístula no bloco operatório do Hospital Central de Maputo, liderados pelo renomado cirurgião Igor Vaz, Director geral da Associação Focus Fístula Moçambique.
Fístula obstétrica, é um problema de saúde pública
Palavras da Directora Científica e Pedagógica do Hospital Central de Maputo no dia 31 de outubro no anfiteatro do Hospital Central de Maputo. Tendo na ocasião, realçado o facto da fístula obstétrica, ser um problema de saúde pública em Moçambique e considera que as sessões de cirurgia que decorreram no Bloco Operatório do HCM é uma oportunidade ímpar para os cirurgiões de vários países poderem trocar experiências.
Em Moçambique, estima-se que mais de dois mil novos casos de fístulas obstétricas são registados anualmente.
Durante a oitava conferência internacional, foram igualmente realizadas várias sessões plenárias com renomados cirurgiões e outros profissionais de várias áreas ligadas a saúde, incluindo a partilha de testemunhos de mulheres sobreviventes da fístula nomeadamente Maria que sofreu durante 18 anos e com muita discriminação por parte do seu esposo, Beatriz Sebastião e Joana,todas elas muito aplaudidas pelos presentes pelo facto de hoje, estarem livres da doença.
No acto de abertura, dia 02 de Novembro, Iyeme Efem, mestre de cerimónia, teve a missão de apresentar aos presentes a sequência dos digníssimos que estavam alistados a usarem da palavra nomeadamente: o cirurgião Igor Vaz-presidente local do executivo da ISOFS, representante do FNUAP-Berangere Boell, representante da USAID-Erin Mielke, representante da fundação da Fistula-Lindsey Pollaczek, presidente da ISOFS-Shershah Syed, vice- Ministra da Saúde em representação do Ministro da Saúde Moçambique.
A ISOFS foi criada em 2007 por proeminentes cirurgiões de fístula que trabalham em África e na Ásia, onde existem mais de dois milhões de sobreviventes da fístula obstétrica, e é o principal organismo profissional internacional dos actores envolvidos no tratamento e reabilitação de mulheres com fístula obstétrica.
Segundo palavras da sra Bérangère Boëll, Representante Residente da UNFPA em Moçambique frisou que “De todas as coisas que a fístula obstétrica lhe pode tirar, a mais dolorosa é o seu próprio filho. Do mesmo modo, esta lesão do parto que altera a vida, mas que pode ser evitada, pode também tirar-lhe a dignidade, saúde e bem-estar, a sua capacidade de trabalhar e de fazer parte da sociedade.
Pois, como esta lesão pode alterar a sua vida, é provável que nunca tenha ouvido falar dela. Mas não pode ser ignorada”. – Desabafou a representante Residente da UNFPA em Moçambique.
Nesta oitava conferência internacional, estiveram presentes mais de 150, cientistas, médicos, investigadores e gestores de programas de todo o mundo, apresentando um momento único e oportuno para promover os mais elevados, padrões de cuidados de fístula obstétrica para as mulheres de uma forma segura,eficaz e ética.
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