O moçambicano Elthon Chemane, fundador da plataforma de conteúdo local, é convidado a partilhar a experiência da sua ferramenta no Uganda. Moçambique participa nos dias 28 e 29 de Setembro, da VI Edição da Cimeira Internacional de Petróleo e Gás do Uganda. No evento, a pérola do índico irá apresentar a primeira plataforma integrada de conteúdo local em África.
Elthon Chemane que é Presidente do Conselho de Administração da CH Enterprise e fundador da plataforma de Conteúdo Local, será o representante de Moçambique no Uganda. A Plataforma do Conteúdo Local de Moçambique é a primeira em África, por isso a sua importância em estar na cimeira Internacional de Uganda sobre Petróleo e Gás, evento a decorrer no formato virtual.
Numa entrevista exclusiva concedida ao Jornal Visão, Elthon Chemane explicou que o convite para sua participação na cimeira, surge depois que as entidades do Uganda e da Inglaterra que apreciavam seu trabalho há algum tempo pela Plataforma Conteúdo Local, o contactaram para junto deles partilhar as experiências e mostrar o trabalho realizado em Moçambique, as experiências de sucesso na implementação do conteúdo local na indústria de petróleo e gás, bem como apoiar outros países africanos a implementar um instrumento semelhante.
A fonte avança haver muitos trabalhos que a Plataforma realiza para enquadrar as PME´s, elegíveis aos projectos da Indústria Extractiva de Petróleo e Gás. “Há muito trabalho de sensibilização que fazemos para explicar o que é Conteúdo Local, clarificar as empresas e orientar para uma melhor organização das suas estruturas e finanças para se tornarem elegíveis principalmente a financiamentos à banca, formar as empresas, em casos específicos de petróleo e gás”, relata.
Elthon Chemane é também, Presidente do Pelouro do Conteúdo Local na Câmara do Comércio de Moçambique e no Uganda, ele deverá para além de partilhar a experiência de Moçambique no que concerne a implementação da plataforma por ele criada bem como buscar parcerias público-privadas para o desenvolvimento do país.
O sector da indústria extractiva em Moçambique precisa a todo custo de um apoio do governo assim como as PME´s precisam deste para que no momento que se busca engenharia e mão-de-obra estrangeira, esta sirva para formar quadros nacionais, mas tudo que seja feito na base de entendimento do investidor e o Governo, para uma partilha dividida de responsabilidades e fazer crescer o “know-how” local.
PROCESSO DE ACEITAÇÃO E CONTRATAÇÃO DAS PME´S NOS MEGA-PROJECTOS
Numa outra abordagem Elthon Chemane frisou que a paragem que a TOTAL teve durante os eventos de terrorismo em Cabo Delgado, pode ter aberto uma oportunidade de as PME´s moçambicanas se prepararem melhor para actuar naquele sector petrolífero, dado que as empresas perderam muitas oportunidades por falta de entendimento sobre os critérios usados para a selecção das mesmas nesse tipo de actividade e requisitos mínimos para prestarem serviços.
Quando não se percebe bem, dificilmente há tendência de melhorar uma coisa. Já há um exercício muito grande sobretudo por parte da Plataforma do Conteúdo Local, de disseminar informação sobre os critérios e as necessidades e, por outro lado, abrir caminhos para que elas cheguem a isso, ou seja, transformar o problema em adversidade, fazer entender as empresas que não é que seja impossível, há oportunidades para todos”.
Para Elthon Chemane muitas e boas empresas moçambicanas que já fazem trabalhos grandes, nunca haviam se apercebido sobre qual é a necessidade de as mesmas obterem um certificado de normalização e isso constituiu durante muito tempo uma devem para que elas não fossem aprovadas nestes projectos de Gás e Petróleo entre outros mega-Projectos sendo que “agora o desafio da Plataforma é criar essas condições e apoiar as mesmas empresas a terem certificação e conhecerem os requisitos para ultrapassar barreiras antes vistas de outra forma”.
Chemane questionado sobre os requisitos para a certificação da empresa e o papel do estado na facilitação deste processo, respondeu que nem tudo é o Governo que dita as regras e sim, cumpre-se neste processo os “Standards” da indústria, pois o negócio de petróleo e gás é mundial e é nesse sentido regido por normas internacionais ao exemplo do Procuriment, Comércio, Marketing entre outros aspectos. “Portanto o Governo por mais que queira, não tem capacidade de tornar este tipo de negócio gigante ao seu modelo, não pode dizer ao dono do dinheiro, o investidor, olha você para investir no meu país tem que usar X% de mão-de-obra, contratar X% de serviços aqui, comprar X% de material daqui, ou seja, isto seria o mesmo que dizer, você é o dono do dinheiro, mas quem manda como deve usá-lo aqui no meu país, sou eu”, explica.
Para o entendedor da matéria se assim o país agisse, seria retracção de investimento e isso atrasaria o progresso e crescimento da economia nacional. O Governo moçambicano no seu papel tenta a todos os meios, equilibrar, o processo de certificação e fazer com que as empresas estejam mais preparadas do ponto de vista documental nacional e cumpram requisitos necessários para sua contratação como mão-de-obra, na indústria de Petróleo e gás.
O Estado o que está a fazer é ir a própria indústria buscar financiamento para alavancar o crescimento das empresas, para depois pegar nas mesmas PME´s e apresentá-las a indústria, por isso que os resultados disso não medem a curto prazo, numa perspectiva, médio e longo prazo”, disse.
Ainda na sua explanação, Chemane revelou que segundo sua experiência “ter uma lei de Conteúdo Local, não é ter o problema resolvido”, porque alguns países africanos com Lei tiveram menos sucesso na avaliação dos resultados de implementação do conteúdo local comparativamente aos outros que não tinham lei, mas tinham recomendações como Moçambique que está a começar.
Para o entrevistado, tudo passa por uma organização de actividades e monitoria do Governo em torno das suas normas e recomendações de boas práticas. Por outra entende que o Governo não pode restringir que se vá buscar uma engenharia, mão-de-obra, equipamento, “know-how” que não existe no país.
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