HÁ FALTA DE JORNALISTAS FORMADOS NA ÁREA DE MODA EM MOÇAMBIQUE — apontam organizadores do MFW

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Mozambique Fashion Week

A 18ª Edição do Mozambique Fashion Week, realizada entre 5 e 11 de Dezembro de 2022, para além de refrescar a memória dos que amam a moda, trouxe consigo novidades relacionadas à inovação e criatividade artística.

O CEO da DDB Moçambique, Vasco Rocha, instituição que organiza o Mozambique Fashion Week, disse aos jornalistas durante uma conferência de imprensa que o ramo da moda ainda carece de investimento.

CEO da DDB Moçambique - Vasco Rocha
CEO da DDB Moçambique – Vasco Rocha

Rocha, que também acedeu o convite para uma entrevista do Jornal Visão Moçambique, adiantou que continuam a trabalhar com a Itália, parceiro importante na moda há mais de 10 anos. 

A parceira com a Itália, torna-se importante para a moda em Moçambique, segundo os organizadores, na troca de experiência, bem como na formação dos estilistas nacionais, algo que acontece há mais de 10 anos, onde anualmente um moçambicano visita aquele país para uma formação. 

CEO da DDB Moçambique - Vasco Rocha

“Todos os anos tem ido estilistas moçambicanos para Itália, penso que seguramente mais de 35 estilistas moçambicanos já estiveram lá”, avançou Rocha, acrescentando que não basta apenas estilistas moçambicanos irem a Itália, mas interessa muito criar valor com isso.

“Vou te levar para Itália, tu apresentas e depois voltas para Moçambique, e depois, como damos os passos seguintes? Para viajar a Itália não precisas ir connosco, compras passagem de avião e vais. Nós agora o que devemos fazer é olharmos quais são os passos que devemos dar, conseguimos agora África do Sul, vamos África do Sul e depois?”, indagou Vasco Rocha reforçando a ideia de que se pode olhar no intercâmbio e formação, mas sim, na qualidade que isso produz para a moda moçambicana, criar também uma cadeia de valor autónoma, para alavancar o pessoal mais jovem e alimentar as notícias.

Uma das afirmações que constituíram novidade na sua locução, foi de que em Moçambique não existem jornalistas formados em moda, dificultando a divulgação desta arte através da mídia.

“Mesmo na moda, sabes me dizer se há algum jornalista que é critico de Moda? Não tens, e a indústria precisa de um crítico de moda, tem que haver um jornalista que se especialize em moda, tem que saber de moda, tem que estudar moda, tem que sentar aqui quando fazemos um Show, e analisar a actuação do Nivaldo, se é positiva e/ou e negativa, analisar a actuação da Rita, ou qualquer que seja”.

Vasco Rocha lança um desafio para os jornalistas se interessarem pela moda, mas também almeja que seja este assunto plano futuro. “Então, aqui muitas coisas devem evoluir, e esta é a altura que agente tem que sair daquilo que é o normal, começar a caminhar para um futuro, e muita das vezes as pessoas seguem pelo mesmo caminho porque aquele está seguir o mesmo caminho, eu também vou fazer”, explodiu.

O CEO da DDB Moçambique, revelou estar a encetar diligências com jornalistas e jornais para ver a moda do lado crítico e presente no dia-a-dia dos moçambicanos. “Estava vos a dizer agora que estou a conversa com alguns jornais para ver se isto pode desenvolver, nem que sejam estagiários que lá estejam, devem começar para que as pessoas consigam a ir a Mozambique Fashion Week”, disse, realçando haver necessidade dos jornalistas estudarem um pouco de moda.

 

Estilista Brasileira Rita Cazergues instala-se em Moçambique e apresenta sua colecção no MFW 2022

Com uma experiência de quase 20 anos na moda, Rita Cazergues, já esteve em países africanos como Congo, chegando a Moçambique, tendo Maputo como porta de entrada para fazer negócios no seu novo Showroom.

Quando convidada para fazer o Fashion Week em Maputo, Rita, diz que se sentiu lisonjeada contando que a sua experiência de moda por vários países, a fez desenhar um projecto que lhe permitirá ficar em Moçambique por cerca de 5 anos.

“Espero fazer muitas coisas aqui e estou adorando. É para mim uma honra poder representar o Brasil e a França nem(risos)… Porque sou francesa também, aqui com Fashion Week”.

Questionada sobre o que trouxe para os moçambicanos e não através do MFW, Rita Cazergues, disse que tem uma mistura brasileira de alegria, carnaval, o Futebol e também uma moda mais sofisticada que é a moda europeia.

“Vale a pena assistir este desfile porque mostrarei um bocadinho do Brasil, um pouquinho da França, um pouquinho da África, que a moda é maravilhosa”.

Rita aponta que com a sua arte, tenta transmitir uma coisa que queria dizer a todas as pessoas. “A moda passa, o que fica na gente são as boas coisas que agente faz, então, a moda é para todos e o que eu gostaria de passar hoje, é ser uma modelo conceituada”.

Rita diz que quando chegou a Maputo, visitou o mercado Xipamanine donde comprou retalhos e reutilizou para criar peças espectaculares.

Peças produzidas por Rita Cazergues — Instagramhttps://www.instagram.com/chez_rita_creations/
Peças produzidas por Rita Cazergues — Instagram https://www.instagram.com/chez_rita_creations/

“Eu mesma reciclei várias coisas, que eu mesma comprei, no Xipamanine no chão, com aquelas mulheres, aquelas bolherias (xidjumba-montanha de roupas usadas), e hoje, estou aqui colocando nas minhas roupas, porque é muito importante a reciclagem.”

Rita, com quase 20 anos de carreira, fala que já viveu 11 anos no Kinshasa(Congo), 4 anos em Angola e actualmente em Moçambique, onde cogita permanecer por 5 anos.

A Estilista, revela que nos quase 20 anos de moda, olha para a sua vida como uma realização de um sonho. “Olha, todas as pessoas, com um sonho, devem lutar para realizá-lo, porque a moda entrou assim na minha vida, do nada, eu vi aquelas cápsulas maravilhosas, comprei, fiz um vestido para mim, as minhas amigas pediram para fazer, assim vou indo”.

Rita Cazergues conta que no início da sua carreira também foi modelo, isso no Brasil. Desfilou nas passarelas, mas, “hoje estou aqui ajudando outros. Fiz um desfile na escola francesa na semana passada, foi maravilhoso com crianças de 10 a 15 anos, o sonho da gente é realizado desde que agente persista, tem que persistir, jovem de hoje, pense no mundo de amanhã, usem a reciclagem para um mundo melhor”, completou a Estilista.

Segundo os organizadores, o MFW 2023 promete ser mais ousado, e, quiçá, podemos ver a presença da imprensa, embora ainda constitua desafio, ter jornalistas que escrevem sobre moda em Moçambique.

De referir que neste evento participaram 142 estilistas, sendo um do Japão, 5 da África do Sul, 2 de Angola, e 7 de Itália, e, este ano, não diferirá, ou seja, abriremos às 20, 21 e às 22h e contamos com a participação de 500 pessoas.

Arson Armindo
Author: Arson Armindo

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