O TEMA em alusão tem como propósito principal reflectir em torno do modelo de Presidente que Moçambique precisa, face aos desafios da actualidade, a destacar: crise financeira e consequente custo de vida, ineficiência do sistema educacional e consequente retardo do desenvolvimento sócio-económico, entre outros. Ao longo do texto, será apresentada uma proposta supostamente viável de linhas de prioridade que vai garantir a promoção do desenvolvimento sócio-económico e consequente autonomia e independência financeira, bem como a plena satisfação da sociedade no geral.
Por: Basílio Macaringue
Tive como principal premissa que os sectores de educação, saúde, agricultura, pecuária e comercio constituem uma grande aposta de muitos países, com vista a garantir-se a sustentabilidade interna. Países vizinhos, a título de exemplo Africa do Sul, Lesoto, Eswatini e Botswana, tem apostado nas áreas de agricultura e pecuária em grande escala como principais prioridades do Estado, o qual se envolve não é apenas para a canalização de recursos financeiros, mas também para a própria implementação e monitoria dos projectos. Isto potencia a estabilidade do PIB face aos desafios e internos, reduzindo os índices de dependência pela comunidade externa e, consequentemente, garantir a satisfação da demanda e a redução dos índices de insegurança alimentar.
Conforme diria qualquer técnico ou engenheiro-agrónomo, o país apresenta um solo com alto potencial para garantir um rendimento sustentável, quer através da prática da agricultura quanto da pecuária ou de ambos cominados. O facto, na verdade, é que na maioria das vezes projectos desta natureza não tem sido parte da agenda de quem deve tomar a respectiva decisão para posterior inclusão no Plano Quinquenal. Sendo assim, os projectos implementados tem sido em títulos de sociedade e/ou de concidadãos singulares, tendo como propósitos principais a retenção de lucros e a garantia da subsistência familiar, respectivamente.
Paralelamente aos sectores acima indicados, tenho a referir que investir na educação inclusiva e de qualidade permite potenciar os recursos humanos para que as iniciativas e estratégias de actuação face aos desafios sociais do dia-a-dia se tornem complementares e eficientes. Em outras palavras, uma educação inclusiva e de qualidade tem em vista doptar o Homem de habilidades, competências, concepções, experiências, técnicas, valores e atitudes necessárias para solucionar diferentes problemas que a sociedade encara no seu quotidiano, quer individuais quanto colectivos. Sendo assim, esta modalidade de educação torna o Homem útil à sociedade a que pertence, na medida em que lhe mune de estratégias eficientes para solucionar os anseios da sociedade. Do contrário, o comprometimento da educação perpétua os problemas sociais, na medida em que no lugar de os solucionar, o próprio Homem acaba tornando-se mais um dos vectores.
A melhoria do sistema de educação inclui, de entre vários aspectos, a criação de condições de trabalho favoráveis para o professor (a própria sala de aulas, o material didáctico, os meios circulantes nas situações em que esteja afecto nas zonas recônditas, etc.), a contextualização e/ou adequação dos currículos, a criação de gabinetes de assistência psicológica e vocacional para atender aos alunos, bem como o encaminhamento e acompanhamento dos alunos segundo as suas competências singulares.
Em relação ao sector da saúde, deve-se estimular o profissional para permitir que o trabalho que ele realiza no seu dia-adia seja de qualidade e baseado nos princípios da empatia e solidariedade, assim como garantir a manutenção da sua própria saúde mental. Igualmente deve haver um treinamento permanente e respectiva monitoria deste profissional para potenciar o atendimento eficiente da demanda, bem como o crescimento contínuo da Instituição. O treinamento de que me refiro, não deve ser realizado apenas para se poder produzir um relatório de actividades, pelo contrário, deve ser efectivo e ir ao encontro dos desafios reais.
No concernente ao comércio, urge repensar nas tabelas dos preços aplicadas. Há uma insustentabilidade exacerbada, uma grande disparidade entre o salário básico do funcionário público “normal” e os preços dos produtos de primeira necessidade (e não só), o que retarda o desenvolvimento pessoal e/ou colectivo. O primeiro ocorre na medida em que o funcionário acaba tendo que aplicar maior parte do seu salário para atender as despesas referentes ao meio de transporte, rancho e outras despesas correntes, acabando por se tornar dependente de empréstimos bancários. O segundo se verifica quando o próprio funcionário acaba vendo-se obrigado a viver de “boladas” e/ou furtos para garantir a satisfação das suas necessidades básicas.
Finalmente, em síntese, urge repensar com muita cautela em torno do Plano Quinquenal que vai ditar o futuro do país, dando-se maior primazia aos recursos básicos que possui com vista a se garantir a autonomia e independência financeira, assim como a melhoria das condições de trabalho nos sectores sociais, em particular os da educação, saúde, agricultura, pecuária e comércio.
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