PORQUÊ A INTERNET PERMANECE CARA EM MOÇAMBIQUE?

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Seja para Android ou iOS, existem aplicativos que oferecem recursos para ter acesso a redes de internet grátis, principalmente wifi.

Seja para Android ou iOS, existem aplicativos que oferecem recursos para ter acesso a redes de internet grátis, principalmente wifi.

“Além de cara, há locais nas grandes cidades em que não é possível aceder ao mundo virtual”

 

“Em Moçambique cada MB custa 2 meticais”, valor muito acima quando comparado com países onde cidadãos de diferentes classes sociais permanecem ligados à rede virtual, mais de 10 horas por dia. Esse tempo estimado, é avaliado pela conectividade de cada indivíduo, seja no local de trabalho ou mesmo em casa usando diferentes tipos de dispositivos.

Aliás, o acesso livre a internet permanece algo exclusivo para países como Moçambique e tantos outros, devido, a fraca electrificação, acesso aos dispositivos, e ao sistema de distribuição destes serviços, na sua maioria feito por cabos.

Esta conjuntura, significa investimentos muito altos, atendendo e considerando que as centrais de distribuição deste tipo de rede estão nas grandes cidades, onde, se se considerar por cada região do país, só estão lá pessoas durante o dia e a noite regressam às suas zonas de origem, lugares onde nem corrente para iluminação existe e as antenas de comunicação montadas não tem suporte de uma rede 3G ou GPRS, e se tem o nível é muito abaixo do necessário.

A título de exemplo, na província de Maputo, no canto norte, seguindo pelos distritos de Marracuene e Manhiça, existem localidades e bairros, onde a rede de internet e móvel não está acessível. Estamos no concreto dizendo que, se um funcionário afecto a algum gabinete falhar o envio de um correio electrónico no escritório, não o poderá fazer estando em casa (locais que distam cerca de 5 a 10 quilómetros da sede distrital. Além disso exemplos concretos apontam para fraca capacidade das empresas de telefonia móvel em montar sistemas que robusteçam a comunicação via internet, nestas zonas, apenas possível aceder as famosas redes sociais em zonas altas ou mesmo contentar-se com o offline, enquanto estiver em casa.

Há ainda o distrito de Matutuine e Catuane, onde a conectividade à rede de Voz é mais patente no sistema Roaming da África do Sul e/ou Eswathini, devido à fraca capacidade de infra-estruturas nacionais montadas por lá.

A empresa Visão Moçambique – Comunicação e Serviços Lda, que realizou um pré-pesquisa, na província de Maputo para medir o impacto das redes sociais nas zonas suburbanas, detectou que mesmo nos centros urbanos, ainda há bairros que pela altitude não conseguem aceder à comunicação virtual, usando smartphones de todos os tipos e qualidades.

Outro pormenor, avaliado por esta Empresa tem que ver com a qualidade das comunicações em muitos bairros, onde por deficiência e/ou fraca capacidade de algumas antenas de telefonia móvel montadas por lá, fica impossível obter-se uma chamada de voz limpa e audível, fazendo com que os utilizadores, tenham que procurar por lugares diferentes nos seus quintais, para comunicarem.

Ainda sobre a cobertura da internet, o factor preço, continua a combater o acesso ao mundo virtual, obrigando milhões de cidadãos a ouvirem boatos, alguns, feitos palhaços pelas redes sociais (sem que saibam), outros até usados para lucrar outros, pois, pela constatação feita pela Visão Moçambique, o preço para a aquisição dos dados é ainda cara e longe de reflectir a realidade dos cidadãos moçambicanos.

Só para citar um exemplo, se alguém quiser acessar a internet em Moçambique deve pagar por cada megabyte dois meticais(1 MB/2MT), o que acaba sempre gerando dificuldade na interpretação dos usuários que acabam discutindo com as redes de telefonia móvel, pois estes não entendem concretamente como funciona o serviço de dados da internet.

Quando se refere 1 MB/2MT, está a se dizer que naquele segundo que o cidadão acessa a internet está a ser cobrado 2MT, dependendo do tipo de SMARTPHONE que usa e a velocidade deste, esta quantidade de internet pode esgotar-se antes mesmo de aceder a qualquer conteúdo, como fotografia(falando do Facebook, Instagram, WhatsApp OU MESMO Tik Tok).

Os custos elevados da internet, estão também relacionados segundo a pré-pesquisa da Visão Moçambique, com o número de usuários dos serviços, pois, a maioria que se liga a esta não sabe nem o que fazer com a mesma. Aliás, entrando para a observação global, muitos se abstêm de usar a internet porque não sabem que importância aqueles serviços trazem, porque também, por outro lado a escolaridade baixa, potenciam esta abstenção.  

Para países como Moçambique, com democracias jovens e processo de construção, excluir cidadãos do acesso à internet, permite uma forma de colonizar estes no processo de tomada de decisões que só seriam claras e com conhecimento com o acesso livre a informações.

Muitos entendem bem o quão as rede sociais tem poder no empoderamento dos cidadãos no acesso à informação, e actualmente a falta delas, propicia uma ignorância e abrem um espaço para que qualquer político invente até nomes de coisas que no final de cada dia, ninguém verá.

 Mesmo entre os que estão conectados, há desigualdades profundas. A exclusão digital se dá em três camadas. 

A primeira delas é o acesso aos equipamentos, caros e actualizados a todo momento. A segunda é o sinal da internet, que não chega a todos os lugares – uma questão de infra-estrutura. Já a terceira barreira é o conhecimento.

As pessoas não sabem mexer, não sabem o que precisa ser feito. Muitas vezes, têm um celular, mas não sabem baixar um aplicativo. A princípio, oferecer um serviço público online, por exemplo, parece muito democrático. Mas, e quem não tem celular, ou não sabe acessar?

O acesso à internet já é considerado essencial, e sua falta afecta a vida das pessoas de diversas formas. Em Junho de 2020, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um Roteiro para a Cooperação Digital, documento construído após colaboração de uma série de entidades do mundo inteiro. 

O objectivo é garantir que todas as pessoas estejam conectadas e respeitadas no espaço virtual, e indica oito passos para melhor cooperação. Entre eles, estão atingir a conectividade universal até 2030, para que todos tenham acesso seguro e barato à internet, e garantir a inclusão digital para todos, incluindo grupos mais vulneráveis.

É inegável também que a pandemia acelerou muitos processos, que passaram a ser totalmente ou parcialmente digitais, e fez as desigualdades tornarem-se ainda mais latentes. 

Para Moçambique,  a desigualdade digital é decorrente especialmente das desigualdades que já existiam há muito tempo, económicas, sociais entre outras. Com a pandemia, ficaram muito evidenciadas.

Mesmo com a criação de pacotes aparentemente acessíveis de dados pelas redes de telefonia móvel, principais fornecedores destes serviços para o acesso ao mundo virtual, devido às questões financeiras e os objectivos destas promoções(eram mais para fins estudantis), a dificuldade no acesso à informação aumento significativamente, com alguns meios de comunicação sucumbindo ou seja, os que imprimiam, pararam, os disponibilizavam jornais PDF, reduziram a frequência, os publicavam online, ficaram sem matérias devido às condições sanitárias que acarretavam custos para a recolha, tratamento e difusão da informação, situação agudizada pela ausência de apoio do governo à imprensa.

Os meios de informação tradicionais como rádios e televisão que atingem também maior grosso da população, uns e outros tiveram que reduzir o número do “staff”, alguns, pararam sua programação, alguns surgiram e outros foram completamente encerrados.

Os meios de comunicação tradicionais que conseguiram aguentar os dois anos da covid-19, estão neste momento e enfrentar crises sem precedentes e outros já estão a ser alienados.

Contudo, a internet continua a ser um dos recursos vitais para um democratização e liberdade de imprensa para países em vias de desenvolvimento, tal é o caso de Moçambique.

Na sua pré-pesquisa, a Visão Moçambique – Comunicação e Serviços Limitada, aponta forças vitais que podem reduzir os custos da internet e aumentar o número de usuários, uma delas a multiplicação de fornecedores dos serviços, com o patrocínio do governo, a criação de linhas de suporte técnico para infra-estruturas, uso partilhado de infra-estruturas, encorajando os jovens empreendedores a entrar por esta linha de abordagem facilitando, crédito bancário para sustentabilidade e robustez nos primeiros 5 anos das empresas.

 

A CORRUPÇÃO ESTÁ A ACARRETAR O ACESSO À INTERNET

 

Durante os últimos dois anos Moçambique, assistiu a vários eventos dentre eles, a Covid-19, que em parte veio colocar a céu aberto a forma como os dirigentes governamentais enganam o povo quando recebem doações do estrangeiro.

Parte da população em vulnerabilidade ficou descoberta. Mas mesmo assim, os que deviam ajudar esta camada social caracterizada pela pobreza, foram os lesa-pátria, que ao invés de ajudar a sair da cova, enterraram ainda mais.

“É que um fundo de apoio a covid-19, foi disponibilizado para que todos os cidadãos o recebessem durante o tempo de confinamento, à semelhança de empresas mas, os que estavam na dianteira do processo, exigiam documentação actualizada a estes e no fim do dia, contavam histórias descabidas e para não darem o tal valor. Outro pormenor é que o valor não era destinado a toda população, em cada quarteirão, o líder local escolhia quem devia ou não receber a ajuda monetária. Com este cenário, ficou claro que o acesso aos serviços sociais básicos pelo cidadão, é impossível, muito menos a internet”.

Moçambique está desde pouco mais de 5 anos com um projecto para montagem de quiosques digitais, um processo que visa entre outros aumentar o acesso à internet de forma gratuita, o que até aqui é um utopia a contar pêlos pontos onde estes serviços existem.

Mesmo a capital do país que deveria ser exemplo, apenas alguns locais que não chegam 10, existem estes pontos de internet gratuita e o acesso a ela, obriga que só sendo estudante no centro da cidade é que pode ter acesso, ou passando por lá, obrigando a que ninguém procure pêlos serviços gratuitos, sendo, cidadão comum.

A desigualdade digital é tão difícil de resolver quanto as demais. Segundo os especialistas ouvidos nesta reportagem, o caminho para democratizar o acesso à internet passa por esforços colectivos e investimentos por parte de governantes.

É preciso garantir que famílias que praticamente não têm renda possam ter acesso por meio de subsídios, expandir as redes. Ou seja, investimento público.

Existem locais que são como buracos, não há celular, internet, nenhum sinal. Sem isso, a pessoa não consegue ultrapassar as outras barreiras que podem existir. Uma pessoa não tem como colocar uma antena, não é ela que vai resolver, é o poder público. 

 

FRACO ACESSO À INTERNET E O CIBERCRIME

Estar nas redes sociais, está longe de ser uma realidade para toda população ou pelo menos 40% dos moçambicanos, o crime nestes pontos virtuais aumenta e os bancos, na maior parte das vezes conseguem driblar os donos do dinheiro guardado inventando hackers.

Este assunto é crucial e a seguir trazemos uma história de clientes burlados e quase burlados por bancos conhecidos de Moçambique e com vários anos, justificando ter sido roubado o valor por hackers e clonadores de cartões.

Jornal Visão Moçambique
Author: Jornal Visão Moçambique

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